quinta-feira, 30 de abril de 2009

A felicidade autêntica

Meu amigo Maurício devigo  é um jovem estudante de Psicologia. Dotado de uma sabedoria sem igual, e de uma sensiblidade ímpar, o jovem manifesta todos seus sentimentos através da escrita! É dele o texto que segue abaixo e que compartilho com vocês:


A escalada áspera da virtude até o cumo do sumo bem

Ela, a virtude, deverá vencer a subida, manter a firmeza, além de suportar todos os imprevistos, não resignada, mas sim de bom grado, consciente que as adversidades da vida são uma lei da natureza. Ao modo de bom soldado, suporta os ferimentos, soma cicatrizes e mesmo à beira da morte, atravessado por flechas, quererá bem a morte do seu comandante, sob o qual tomba. (Sêneca, A vida feliz

Há 3000 anos atrás morre o Imperador da China, como de costume da tradição o seu filho deveria assumir o trono, mas havia uma regra a qual o príncipe tinha que estar casado para assumir o reinado.

Sendo assim é organizado no reino uma competição para escolher a mulher do príncipe. Concurso o qual se baseava no plantio de uma semente num vaso, que ao final do prazo tinha que ser entregue ao príncipe. No entanto havia uma súdita do palácio apaixonada pelo príncipe e decide participar do concurso, mas com poucas esperanças de vitória.

Passado o prazo as pretendentes trazem os vasos com as flores. Felicidade esta que a súdita do palácio não estava desfrutando, pois a sua flor não tinha nascido, sentindo-se extremamente triste por isso, mas mesmo assim resolveu levar o vaso sem a flor, pois não queria perder a oportunidade de ver o príncipe, o qual amava de coração.

Chegado o momento do príncipe escolher a sua pretendente, ele chama a súdita do palácio que está tímida entre todas aquelas mulheres, com as suas flores exuberantes, e diz:

“Foi entregue a cada uma de vocês, uma semente e um vaso. Mas a semente que foi dada a vocês não germinaria, agradeço de coração por terem comprado essas flores maravilhosas para mim. Por isso a escolho, porque teve a coragem, a esperança e a fé de trazer o vaso sem a flor, acreditando na sua nobre e justa intenção, sendo fiel a sua essência, ao seu coração.

Moral da história: a verdadeira e autêntica felicidade é “Ser verdadeiro para você mesmo” (Shakespeare), cultivando os seus valores, as suas virtudes, sendo sincero a si mesmo.


domingo, 26 de abril de 2009

A verdadeira ciência perfeita

A subjetividade humana é construída a partir da confluência de diversos tipos de conhecimentos adquiridos no decorrer da formação. Temos o conhecimento empírico, o religioso, o científico e o filosófico. Juntos, tais elementos nos garantem a capacidade de elaborar raciocínios lógicos e passíveis de interpretação. Eis então que surge o conflito entre as ciências humanas e as exatas: o embate entre a razão e a emoção, amparado sobre o viés da lógica. Cada qual defendendo seu ponto de vista acerca da realidade. 

As ciências humanas preocupam-se, como o próprio termo denota, em estudar aspectos relacionados ao individuo em si. Ou seja, tudo o que estiver relacionado a comportamentos coletivos faz parte dos estudos humanísticos. Segmentos como o Direito, a Filosofia, a Psicologia, a Pedagogia e até mesmo a Comunicação, concernem o amplo leque destas ciências. Não existe uma resposta simples e única para tais estudos, ponto que os diferem das ciências exatas. 

Raciocínio rápido e veloz é o que fundamenta as ciências exatas, chamadas também de “perfeitas”. Aqui não existe preocupação em passar horas e mais horas pensando para se chegar a um denominador comum. Os estudos “perfeitos” amparam-se em fórmulas pré-estabelecidas criadas há tempos por matemáticos, físicos e até mesmo filósofos. No afã de se chegar rapidamente a uma resposta, geralmente numérica, não existe sequer a hipótese de pensar no fato de que realmente um mais um é igual a dois. Alguém disse isso! Pronto e acabou...

As humanísticas, por sua vez, estão preocupadas em buscar a essência dos significados das coisas. Aí está a grande magia: não existe resposta única para a subjetividade. Aproveita-se e valoriza-se a capacidade privilegiada que o ser humano tem de pensar sobre todos os elementos da vida; capacidade que difere a raça humana dos animais. Fórmulas prontas não possuem a menor graça. Ciência perfeita é aquela que procura respostas aonde não tem. As ciências humanas aproveitam-se de todos os tipos de conhecimentos para se chegar a resposta de algo. Por que será que um mais um é igual a dois e não igual a três? 

O pai da psicanálise Sigmond Freud já disse que somente o conhecimento traz o poder. Embora as diferenças as separem, ambas as ciências se complementam. Apesar das humanísticas serem, a meu ver, mais atrativas, as exatas também possuem aspectos sedutores, já que todo tipo de conhecimento é valido. A capacidade de raciocínio a qual só o ser humano tem o privilégio de desfrutar seria desperdiçada caso uma ciência fosse hegemônica sobre a outra, afinal, o embate entre ambas é o que desperta a paixão por estudá-las.

domingo, 19 de abril de 2009

Dica de Cinema


A face da opressão

Instintos animalescos estão aprisionados no íntimo de todo ser humano, e podem ser libertados mediante circunstâncias opressoras. Talvez este argumento possa justificar a ação de criminosos que afligem a sociedade contemporânea. Provavelmente são pessoas que, desprovidas de oportunidades e excluídas do meio social, optaram pelo crime como maneira de sobrevivência. Este é o ponto de partida que sustenta o polêmico Monster – Desejo Assassino (Monster).

O drama dirigido por Patty Jenkins narra a trajetória da primeira serial killer dos Estados Unidos. Aileen Wuornos, interpretada por Charlize Theron, foi uma mulher com a vida destruída desde a infância. Aos treze anos, Lee, como era chamada, foi vítima de estupro. A partir daí, completamente abandonada pela família, ingressa na prostituição, considerada pela jovem uma maneira fácil de conseguir verbas para sobreviver, digamos, “dignamente”.

Com o passar dos tempos, Lee muda-se de Michigan para a Flórida, onde conhece Selby Wall (Christina Ricci) garota mimada que, devido ao fanatismo religioso dos pais, mascara a homossexualidade. O primeiro encontro com a frágil jovem desperta em Lee um sentimento sem precedentes. Apaixonam-se rapidamente, e passam a viver um tórrido romance.

Para conseguir dinheiro e proporcionar bem-estar à namorada, Lee continua a se prostituir. No entanto, uma noite paradigmática muda completamente os rumos da história: um cliente a humilha, a estupra e passa a torturá-la. As cenas são chocantes. A prostituta reage e liquida o opressor.

Após o fatídico episódio, Aileen Wuornos decide mudar de vida. Sai à procura de emprego, entretanto, por não ter sido beneficiada com regalias essenciais ao sucesso profissional de qualquer pessoa, é ridicularizada antes mesmo de iniciar as entrevistas. Completamente desorientada e, preocupada em proporcionar vida digna ao “amor de sua vida”, Lee retorna à prostituição.

Os traumas falam mais forte. Com o pensamento invicto de que todos os indivíduos transcendem o bem e o mal, Lee extermina todos os clientes que considera indignos. Os crimes, para ela, não passavam de meros artifícios de sobrevivência. E mais: se estava nessa vida, era única e exclusivamente pelo amor sem igual que sentia por Selby. Os rumos da história são surpreendentes.

A sensual Charlize Theron desapareceu para dar lugar a uma figura que representava a verdadeira face da incerteza. A beleza da atriz foi suprimida pela imagem de uma criatura cuja vida sempre foi um fracasso. Os poucos momentos de felicidade foram vividos ao lado de Selby. O amor entre as duas mulheres abandonadas e oprimidas convertia-se em força que as mantinha vivas, uma em razão da outra. De um lado, a fragilidade de uma jovem aprisionada pelos pais em uma “torre de marfim”; do outro, uma prostituta triste e desamparada, sem rumos na vida, cuja moral e essência foram roubadas por sequestradores de almas. Criaturas distintas, mas paradoxalmente semelhantes.

Charlize recebeu, em 2004, o Globo de Ouro de Melhor atriz pela interpretação da personagem real. Monster – Desejo Assassino é um filme que faz pensar sobre até que ponto os instintos inerentes à condição humana podem ser resguardados mediante situações degradantes. Fica a questão: após inúmeras humilhações, são justificáveis os crimes cometidos por Aileen Wuornos?

Título Original: Monster

Ano de Produção: 2003

Elenco: Charlize Theron, Christina Ricci, Bruce Dern, Scott Wilson, Lee Tergesen.

Gênero: Drama/Suspense

Classificação: 18 anos

Direção: Patty Jenkins

sábado, 11 de abril de 2009

Ressuscitar para uma vida nova


Hoje comemoramos com muita alegria a Páscoa do Senhor; a vitória da vida sobre a morte. Cristo ressuscitou e, com ele, toda a esperança da humanidade!

Quantas vezes nos deparamos com situações que nos fazem perder o controle! Desanimamos facilmente mediante as dificuldades e não percebermos o quão valiosos são os momentos difíceis. Eles valem como ensinamentos na grande escola da vida e nos ajudam a aprender a superar os desafios de ser gente! Sem experimentá-los, jamais saberíamos desfrutar do doce sabor das alegrias. 

Somos semelhantes aos rios. Afluentes desembocam em nosso ser a cada instante! Afluentes que podem trazer em seu percurso, dor, mas também satisfações sem precedentes, o que nos garante maturidade para desfrutar cada momento, e a satisfação sem igual de que tudo valeu à pena!

Tendo como exemplo a ressurreição de Cristo, precisamos, a cada dia, sermos conscientes de nossas limitações e acreditar em nossa força interior! Esta força pode nos trazer de volta da morte para a vida! Ressuscitemos, ao lado de Jesus para uma vida nova! Confiantes N’ele e juntos D’Ele, triunfaremos a vida eterna!!!

Com nossa caminhada quaresmal amparada nos ensinamentos da Campanha da Fraternidade e crentes no evangelho, chegou a hora de partirmos para nossa missão! Propagar mensagens alentadoras, sendo verdadeiros rios de água cristalina que compõem afluentes refrescantes. Este é o verdadeiro sentido da ressurreição: viver uma vida nova, agindo para que todos percebam que a vida é um presente maravilhoso concedido por Deus a cada um de nós! Focados no amor do Pai e na condição de comunidade cristã, ressuscitemos no amor e na fé: únicos caminhos que nos levam à alegria de sermos salvos!

domingo, 5 de abril de 2009

Sensacionalismo em cena


Emissoras de televisão, em geral, preocupam-se em manter altos índices de audiência. Isso, além de acarretar credibilidade à empresa, traz consigo investimentos publicitários. No contexto atual, o telespectador é considerado mercadoria, à medida que os canais analisam o público alvo de determinada atração para organizar suas tabelas de preços de inserções publicitárias. Mas o que será que pode acontecer nos bastidores de um programa quando este se torna saturado e passa a perder prestígio? Certamente os nervos dos produtores se exaltam, já que o emprego está em jogo. Com o intuito de alavancar o Ibope, tudo pode ser feito, mesmo que isso custe a dignidade de outrem. 

É esta a temática que compõem a peça “O Rei dos Urubos” da Cia. dos Gansos. A tragicomédia retrata os bastidores de um programa de TV com o sugestivo título “Programa de Família”. A atração, de uns tempos para cá, viu sua audiência despencar ladeira abaixo. O histérico e hilário Robério, diretor geral da atração se vê aflito, e estuda maneiras de fazer com que seu produto volte a ter o sucesso de outrora. 

Em uma reunião de pauta com a, também problemática apresentadora Solange, com o saturado e sarcástico escritor de casos humorísticos, Valdemar e com o sobrinho misterioso do proprietário da emissora, Gilberto, Robério encontra o formato ideal para o “Programa de Família”. Depois de acaloradas e engraçadas discussões, o grupo resolve investir na exposição de histórias de vida de personalidades esquecidas pelo público. 

Eis o enredo do “novo” programa: as personalidades-vítimas, sentadas em uma cadeira ao centro do palco, são bombardeadas por perguntas inconvenientes formuladas pelos jornalistas Robério, Gilberto e Valdemar. Porém o detalhe: os artistas não resistem até o final do programa devido às humilhações em rede nacional. 

A estreia do formato, é claro, se torna um sucesso. No entanto durante outra reunião da equipe, surge a hipótese de colocar na “cadeira quente” uma socialite chamada Alice Brandão que estava supostamente envolvida em escândalos extraconjugais. Explorar a desgraça da subcelebridade, na opinião de Gilberto, dobraria o Ibope do programa. Não, eles não conseguem convencer a mulher a conceder a entrevista, mas trazem ao palco seu excêntrico segurança, que diz saber todos os detalhes da suposta traição. 

O empregado aceita conceder a entrevista com a condição de que sua identidade não fosse revelada. Além disso, não responderia determinadas perguntas, já que estava sendo ameaçado pelo suposto amante da patroa. O pobre homem resiste, mas a produção oferece dinheiro para que ele conceda a polêmica entrevista. 

Após intensos conflitos nos bastidores, chega o momento da fatídica entrevista. Jornalistas a postos no palco; entrevistado ao centro; gravando! A partir daí o espetáculo se torna cruel. Perguntas contestadoras são feitas em uma espécie de “tribunal do santo ofício”. Gilberto exagera na dose. Solange e Robério, ao ar, pedem que o jornalista mantenha a calma. Intervalo. Todas as solicitações do entrevistado foram desacatadas. Este foge do palco, é claro, solicitando a quantia que foi prometida. 

Após o término da atração, a emissora passa por uma reviravolta. As consequências foram graves! Gilberto assume o posto que era de Robério. Solange, histérica, deixa a atração que passa a ser comandada por Valdemar. Tudo é pretexto para discutir questões que tangem à ética e domínio do poder. 

Seguidas as consequências da polêmica entrevista surge a questão imposta por Gilberto: “Não me arrependo de nada do que fiz. O público merece ter informações verídicas e completas. Cumpri minha missão. Fiz minha parte”. 

“O Rei dos Urubus” retrata de maneira ímpar, bem-humorada e realista o cotidiano em uma emissora de TV, além de estimular o público a pensar a respeito do fato de o sensacionalismo ser ou não o vilão da mídia contemporânea. Afinal, cada público tem a informação que merece?