sábado, 16 de janeiro de 2010

Em Memória de Zilda Arns: O Dom de Pessoas Iluminadas


Pessoas iluminadas têm o dom de deixar marcas sólidas, incapazes de serem apagadas. A construção de belos legados focados no bem estar humanitário é uma qualidade dada por Deus a seres humanos especiais. Pessoas cuja capacidade de fazer a diferença é um dom invicto.

Zilda Arns tinha essa capacidade única. Como uma verdadeira mártir, levava ao mundo mensagens de esperança e fé. Preocupava-se em semear frutos que mais tarde cresceriam e proporcionariam qualidade de vida a milhares de semelhantes. Muito mais do que “dar o peixe”, Zilda ensinava a pescar. Suas principais ferramentas de trabalho: sabedoria, carisma e humildade. Dons que foram transmitidos aos vocacionados adeptos à Pastoral da Criança, que por meio de uma singela metodologia, simplesmente se doam a favor do próximo.

Zilda ostentava olhar sereno e acolhedor. Sua força de heroína era exteriorizada em sua fala simples e ao mesmo tempo severa. Denunciava injustiças, sempre visando ao bem estar dos mais necessitados. O que a tornava diferente dos demais era seu poder de estimular esforços. Acreditava na capacidade de superação que, somada à virtude de fazer o bem, tornava o mundo melhor.

Certas fatalidades estão aquém de nossa compreensão. Uma tragédia colocou fim à bela trajetória de nossa líder. Ela pode ter partido fisicamente, mas seu legado deixará marcas eternas. A missão da Pastoral da Criança é dar continuidade às ações transformadoras propostas por Zilda. Nosso foco é o bem estar do próximo, em especial, dar assistências aos mais necessitados. Aprendemos com Zilda que para promover a qualidade de vida temos que, antes de tudo, acreditar na capacidade de nossos semelhantes.

Ela se foi. Mas seus ensinamentos e atitudes servirão como base encorajadora que nos dará ânimo para continuar nossos trabalhos. A Pastoral da Criança está órfã, mas não desanimaremos. Continuaremos a levar o amor materno àqueles que necessitam. Temos a certeza de que valerá a pena.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entretenimento Trivial Domina a Televisão Brasileira

Ano Novo. Época na qual as grandes emissoras de TV apostam em novas produções. No entanto, nem tudo é novidade. Entre reprises de programas tradicionais e filmes, as emissoras lutam por conquistar audiência e gordas fatias no mercado publicitário. Para atingir os respectivos fins, não importam os meios. O quesito qualidade nem sempre é valorizado.

Como de praxe, mais uma vez a Rede Globo de televisão, que se gaba por ser a emissora número um do país, ostenta com alarde o seu Big Brother Brasil. A atração mais medíocre e constrangedora da telinha, já sobrevive há dez bem sucedidas edições. Infelizmente isso comprova que qualidade e bom senso não são fatores levados em conta pelas emissoras e, sobretudo pelos telespectadores.

A fórmula é simplista: um grupo de pessoas, geralmente jovens, belos, fúteis e pragmáticos, confina-se durante alguns meses em uma luxuosa mansão cheia de regalias. Aquele que permanecer na casa sem ser eliminado ganha uma respeitável quantia em dinheiro. Enquanto isso vale tudo para se projetar e fazer valer os minutos de fama.

Os participantes são explorados das mais diversas maneiras por meio de estúpidas provas que colocam em xeque a moral de quem está confinado na casa e, principalmente, a inteligência do telespectador. Tudo devido ao afã da emissora em conquistar picos no Ibope e publicidade.

O tal BBB é a típica atração da Indústria Cultural, aquela que se dispõe a atingir a grande massa através de fórmulas que não exigem esforço mental. Entretenimento vazio que não preza a capacidade de raciocínio. Talvez seja por isso que o programa ainda sobreviva. Em contrapartida, produções de qualidade são ignoradas pela grande massa dominante e, consequentemente, pelo mercado publicitário.

A exploração da dignidade humana é vista com naturalidade pela maior parcela da população. À medida que os participantes vão gradualmente se transformando em vilões ou mocinhos, de acordo com roteiros propostos pela produção, as famílias brasileiras aglomeram-se em frente ao aparelho televisor para descarregar ódios e torcidas a seus respectivos desafetos e prediletos. Enquanto isso, o diálogo familiar afunda-se aos poucos no ostracismo.

A capacidade intelectual em discernir entre uma atração que acrescente benefícios a formação e outra que preza exclusivamente ao entretenimento vazio, apenas será adquirida quando a educação for o foco dos planos governamentais.

Infelizmente a maior parte dos brasileiros é corrompida pelas insídias da Indústria Cultural, soberanamente encontrada em qualquer tipo de mass media contemporâneo, que valoriza o entretenimento e a trivialidade das relações humanas, escancaradamente exploradas em atrações de confinamento como o Big Brother Brasil. Não existe a consciência de que as redes se apropriam de concessões públicas e, portanto, têm o dever de proporcionar qualidade. Voltemos à realidade.


(*) Texto de minha autoria publicado no jornal Folha da Região do dia 12/01/2010, data de estreia da décida edição do referido reality show.