terça-feira, 17 de agosto de 2010

Foi dada a largada(*)

O Brasil é um país que se destaca por sua excentricidade. A população tupiniquim é estigmatizada mundo afora como acolhedora, risonha e completamente livre de preocupações. No entanto, tal imagem não passa de mera utopia. Como qualquer outra nação, o Brasil conta com algumas mazelas que o distancia cada vez mais do tão sonhado modelo de “nação perfeita” pregado por alguns quiméricos.

2010 vem sendo um ano atípico. A Copa do Mundo mostrou mais uma vez que o país do Carnaval não é o único que detém habilidades com a bola. Por outro lado, este evento mundial acentuou a ideia de que o ufanismo reina solto quando o que se está em jogo é um campeonato esportivo. Parece que conquistar o troféu, ou seja lá qual prêmio for, é uma questão de honra para o povo brasileiro. Esquece-se, entretanto, que incontáveis cifras é que estão realmente em jogo em ocasiões do gênero. E o que resta ao pobre trabalhador nacionalista: absolutamente nada. Pelo visto, o fato de pertencer ao país do futebol vale bem mais do que qualquer pecúnia.

Passado o turbilhão do mundial, chega o momento de mudar o foco e pensar em nossos representantes políticos nos próximos quatro anos (aliás, por que será que as eleições presidenciais sempre coincidem com a Copa do Mundo?!). Foi dado o apito inicial para o grande show de promessas exorbitantes, caridades sem precedentes e todas as outras raridades com as quais estamos acostumados a ver nossos candidatos desempenharem em ano eleitoral. A mídia nos bombardeia a cada instante, apresentando os feitos daqueles que aspiram ao poder. Entre contradições e ataques apresentados, cabe ao público o poder de digerir tudo o que é obrigado a engolir e ter o poder de discernir quais representantes merecem o voto em outubro. É necessário ter um bom estômago.

Infelizmente as ideologias opressoras dominam a “nação do futebol” desde sua colonização. A opressão, sinônimo de retrocesso, retira do povo a maior virtude que alguém pode deter: o conhecimento. A partir do momento em que o adquirimos, passamos a ser autores da própria história e dificilmente seremos corrompidos por argumentos falaciosos. Porém, os algozes do poder têm em mente os estragos que este bem maior pode ocasionar quando é propriedade de uma população.

É muito mais produtiva a permanência de uma massa amórfica incapacitada de discernir. Um povo que mal sabe qual é a função de um Deputado é mais fácil de corromper. No entanto, um novo jeito de fazer política é possível. Não se trata de uma visão fadada à utopia. Em meio ao turbilhão de promessas e argumentos, ainda existem políticos que possuem um olhar humano em prol da coletividade e agem com transparência, seriedade e ética, enxergando o povo como verdadeiros agentes transformadores. Tais raros candidatos precisam, mais do que nunca, vestir a armadura e aderir à batalha de argumentos, contrastando aqueles que consideram os brasileiros como seres incapazes. Ao povo, é necessário o poder de discernir “heróis” em meio a “vilões”. Foi dada a largada. O resultado da luta, somente em outubro.

(*) Texto de minha autoria publicado no dia 17/08/2010 no jornal Folha da Região, de Araçatuba.

domingo, 8 de agosto de 2010

Uma Canção...

Certas composições dispensam comentários... Dizer alguma coisa pode comprometer a beleza dos versos milimetricamente construídos por poetas, estes arquitetos da alma... É o caso de Nando Reis...





Pra Você Guardei o Amor
Nando Reis


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Primeiros versos (2)...



Teu olhar é indecifrável para mim. Eu que sempre me gabei de ter o dom especial de ler as pessoas, encho-me de frustração cada vez que me deparo contigo... Sinto-me um mero leigo no que tange a sentimentos. Esvazio-me de mim mesmo quando estás a minha frente. Anulo-me enquanto pessoa e me torno um apaixonado fadado ao fracasso. Em momentos de fraqueza, pelo fato de não encontrar respostas a meus porquês, resta-me inundar-me em prantos. É o único meio de cessar meu pobre coração das fagulhas que o queima.

Ao ironizar o amor, pensei que ademais pudesse vir a ser vítima deste algoz. Percebo agora que até o mais forte e cruel dos seres está propício a sofrer com os golpes deste carrasco... Não é porque a gente quer... Isso acontece por acaso.

A partir do momento em que arranco de mim a tinta com a qual me pintaram os sentidos, cabe-me ater-me a outras coisas, mudar o foco de meus pensamentos, libertar-me de ti. No entanto, tu sempre vens atormentar-me. Até mesmo meus sonhos não estão livres de você...

Resta apenas respeitar o mandamento do senso comum que reza que as coisas têm o tempo certo de acontecer e o que tiver de ser, será? Se esta profecia for verdadeira, peço somente paciência e compaixão... Só quero uma resposta... Só quero um retorno a meu imenso amor...