quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

De como mudei o percurso...



No clássico romance “Dom Casmurro”, Machado de Assis faz uma interessante observação quando afirma que é possível “ligar uma ponta a outra da vida”, no caso da obra, infância e velhice. Isso me fez pensar que a vida passa depressa e que viver é um grande desafio. Desafio árduo, na maioria das vezes.

De uns tempos para cá, tenho percebido que sei muitas coisas na teoria. Sei passar longas e cansativas lições de moral nas pessoas a minha volta. Vira e mexe vem alguém fazer uso de meus dons de psicólogo sem formação em Psicologia. No entanto, sou um teórico que possui extrema dificuldade em aplicar simples conceitos na prática.

A fórmula de meu sofrimento é mais complicada do que uma equação matemática. Tente entender, o motivo de minhas angústias encontram-se sempre no fato de ter que fazer escolhas que poderão incidir diretamente em algo já consolidado na minha vida.

São dois caminhos a seguir. Distintos em si, mas que podem transformar meu percurso. De um lado, aquilo que sou. Do outro, aquilo que posso vir a ser. Neste caso, uni duni tê não resolve. A emoção, tampouco. Preciso agir com uma razão fora do comum. Resultado: possibilidade de sucumbir em angústia!

No entanto, uma luz sempre me guia. A resposta está em mim, cabe parar, refletir, saber ouvi-la e compreendê-la. Desta vez a voz que daria a resposta berrava dentro de mim, mas eu fingia que não a escutava. O que me preocupava em atender ao clamor daquela voz era o que as pessoas ao meu redor iriam pensar. É típico do ser humano depositar expectativas nos outros. Tanto é que, de tanto se preocupar com a vida alheia, determinadas pessoas esquecem-se de viver. Machado também fala sobre isso quando relata que a mãe de Bentinho preconizara o futuro de seu primogênito antes mesmo deste nascer, prometendo aos deuses metê-lo no seminário.

Mas ganhei coragem e decidi ouvir a voz de meu coração (a voz que vem da alma) e não os murmurinhos do mundo afora.

Simplesmente adiei alguns planos. Na verdade, meu objetivo foi dar lugar a outros muitos planos que há tempos sonho em colocar em prática. Quem realmente me entende, aceita. Quem não me atende, pode pensar que sou tolo ou algo assim... Paciência. Apenas eu e somente eu sei o motivo de minha escolha. Uma coisa é certa: não desisto facilmente de meus sonhos... E são muitos!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Burocratização da Vida

Confesso que possuo certa dificuldade com relação à burocratização da vida, acentuada pelo advento da mercantilização do ser humano. Na estúpida ótica capitalista, as pessoas passaram a ser vistas como meras geradoras de lucros e prejuízos. Enquanto isso, a dimensão humana de cada um cai no esquecimento. Daí provém a triste realidade: em alguns lugares, as pessoas são enxergadas como máquinas produtoras.


Para sobreviver no mundo em voga, é preciso que tenhamos certo “jogo de cintura”. Caso contrário, somos cortados pela raiz. Cabe-nos então vestir a máscara e aderir ao sistema. É muito simples, porém, paradoxalmente, árduo ao extremo. Durante todo o dia somos obrigados a vestir uma carapuça que esconde o que realmente somos. A partir daí, toda uma ideologia construída no decorrer de anos, passa a ser ocultada, dando lugar a uma personalidade diferente que parece ser controlada por controle remoto, visto que repete dogmas de forma metodologicamente compulsiva.


Infelizmente é necessário se adaptar, por mais difícil que seja. Tenho certa dificuldade em ignorar a dimensão humana dos fatos e considerar as pessoas apenas como bonecos manipulados que geram lucros.


Ao que parece, considerar a condição humana dos seres humanos é atributo de estudiosos de ciências humanas. Infelizmente os estudiosos das exatas foram condicionados a comportarem-se como máquinas e, por consequência, consideram o mundo a sua volta como tal. Longe de externar preconceitos. Não se trata de visão preconceituosa aquilo que experiências empíricas comprovam.


A sensibilidade das pessoas é expressa quando estas demonstram a capacidade de ler bons textos, ouvir boas músicas, assistir a bons filmes... E não simplesmente a lidar com números, valores e fórmulas... A essência humana é subjetiva, portanto, compreendê-la é privilégio de poucos.