sábado, 17 de novembro de 2012

De como falta sentido...

Que desespero! Tenho perdido a inspiração... De uns tempos para cá, parece-me que toda a sensibilidade, minha companheira de outrora nas viagens pelo inexplorável universo das palavras, me fora arrancada. Antes, as palavras brotavam facilmente de minha mente... Hoje, parece que sentem receio de se exteriorizarem e ficarem marcadas para sempre no papel... Estão escondidas em algum recôncavo de meu eu... Estão caladas, restritas exclusivamente à normatização do dia a dia.

Meu ideal seria extrapolar as barreiras que separam razão e emoção. Fui acometido pela cruel fragmentação do pensamento, que exige de mim a única capacidade de reproduzir, de forma racional, o que vejo. Tenho sido vítima da “síndrome do papagaio”, que me obriga a relatar, de forma fria e vazia, os fatos corriqueiros... Sou mero “observador” e não “observante”. Fora arrancada de mim o prazer de se escrever com a alma... A forma de escrever da alma se difere muito da forma de escrever da razão...

Os métodos limitam os devaneios tolos que atormentam meu eu... A sistematização do pensamento não me deixa exteriorizá-los. Mas, que perigo tais devaneios representam? São inofensivos... Não tenho a intenção de persuadir ninguém... Quero unicamente experimentar o gozo da melhor forma de “egoterapia” que é deixar com que as palavras que sufocam se (e me) libertem.

Fujo dos métodos... Fujo da normatização... Fujo das regras... Fujo dos significantes, pois procuro os significados. Aqueles brotam da razão, estes, do coração...

Mas, como recuperar a inspiração perdida? Como recuperá-la dos algozes que habitam toda a racionalidade humana? Como desfragmentar a sensibilidade? Enfim... Como saber o que se quer?

São muitas as perguntas, mas poucas e quase inexistentes as respostas... Eis os mistérios que garantem sabor à vida...