segunda-feira, 10 de junho de 2013

Reflexões sobre o amor

Apesar de ser fruto do sistema capitalista voraz, que articula datas comemorativas simplesmente para aumentar a venda de produtos e, por consequência, as cifras do comércio, o Dia dos Namorados nos leva a refletir sobre o Amor.

Este termo-sentimento já foi traduzido por muitos pensadores. Entretanto, ninguém conseguiu defini-lo de forma satisfatória. De Paulo, o apóstolo, à Camões, as definições dão constantes voltas, mas sempre retornam ao eixo do vocábulo. Amor. Provém de Amar, verbo transitivo direto. Matéria-prima dos poetas, a palavra-sentimento já foi deturpada e banalizou-se.

Amor é movimento. Sentimento que começa no corpo e que se estende para o mundo em diferentes formas, tais como peças de um mosaico multicolorido. Por isso é ferida que dói, mas não se sente. Dor que desatina e que paradoxalmente não nos deixa sentir, mas gera incômodo e nos tira do comodismo. O amor nos faz ser mais insanos, mas ao mesmo tempo concede inspiração e inteligência. Ou seja, é complexo. Dúbio. E por que não, bipolar.

 São justas todas as formas de amar. Portanto, é palavra que prega peças, dada a impossibilidade de defini-la objetiva e precisamente. Para que algumas palavras tenham significado, é necessário que a mesma seja experimentada no corpo. Caso contrário reduz-se a mera falácia e juízo de valor. Mas externar a experiência do corpo é particularidade de cada um.

Para os céticos, o amor se restringe ao universo utópico, onírico e subjetivo. Para os sonhadores, é pré-condição da felicidade. Tom Jobim, inclusive, defendeu a máxima de que “é impossível ser feliz sozinho” (Wave).

Discordo do grande músico. Desde que se tenha uma relação saudável consigo mesmo, estar sozinho é uma dádiva. O primeiro passo do árduo caminho do amor é amar-se, sobretudo, a si mesmo. Em primeiro lugar.

Que o Dia dos Namorados não seja considerado única e exclusivamente fruto do consumismo (é isso, mas um pouco de utopia faz bem). Aproveitemos este data para refletir sobre as diversas manifestações deste vocábulo-sentimento tão contraditório.