Francisco
se deparará com uma igreja de extremos.
De um lado, movimentos como a Renovação Carismática e de outro, grupos
voltados à fé engajada no compromisso social.
O
primeiro grupo muito se assemelha aos movimentos neopentecostais. Em seus
cultos, a liturgia ensinada pelos primeiros pais da igreja é relegada a um
plano inferior. Vale mais a exaltação momentânea, a gritaria, as tais “curas
libertadoras”... Importam-se mais com a quantidade, em detrimento da qualidade.
As celebrações carismáticas têm um fim em si mesmas, pois aquilo que se prega,
nem sempre é levado para a prática. Discursos fundamentalistas dão o tom deste
grupo, que insiste em velar o olhar para a realidade do mundo contemporâneo e
sua multipolaridade.
No
outro extremo, o catolicismo conta com grupos engajados na transformação
social. Com ideais marxistas, valorizam a mudança da conjuntura social a partir
da fé compromissada. Aqui, a realidade é valorizada tal como realmente é. O ser
humano é visto em sua totalidade, e não sofre acusações de que é pecador devido
às suas escolhas. Prega-se uma prática mais consciente e “pé no chão”, de modo
que a fé não fica restrita aos muros dos templos. Por defenderem a justiça, os
adeptos a este grupo são erroneamente taxados como “hereges que querem destruir
a Instituição”, mito propagado pela Canção Nova (a maior difusora do movimento
carismático).
“Francisco
é Papa de ruptura”, afirmou Leonardo Boff em entrevista concedida hoje à Folha
de São Paulo. Apensar dos distintos grupos, o discurso da instituição Igreja
Católica deve valorizar a realidade do mundo. Dialogar com diversos grupos,
dentre eles a Teologia da Libertação, é essencial para a conquista da Unidade
tão propagada por Jesus Cristo, que foi um grande líder revolucionário à frente
de seu tempo.
Deixar
a hipocrisia e o poder de lado e fazer valer os verdadeiros ensinamentos da fé
é um importante passo que a Igreja deve tomar para reanimar seus fiéis.