segunda-feira, 22 de julho de 2013

Um Papa de ruptura


O Brasil que o Papa Francisco I encontrou está menos católico. De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha no último domingo, apenas 57% da população se declara católica. Em 1994 o percentual era de 75%.

Francisco se deparará com uma igreja de extremos.  De um lado, movimentos como a Renovação Carismática e de outro, grupos voltados à fé engajada no compromisso social.

O primeiro grupo muito se assemelha aos movimentos neopentecostais. Em seus cultos, a liturgia ensinada pelos primeiros pais da igreja é relegada a um plano inferior. Vale mais a exaltação momentânea, a gritaria, as tais “curas libertadoras”... Importam-se mais com a quantidade, em detrimento da qualidade. As celebrações carismáticas têm um fim em si mesmas, pois aquilo que se prega, nem sempre é levado para a prática. Discursos fundamentalistas dão o tom deste grupo, que insiste em velar o olhar para a realidade do mundo contemporâneo e sua multipolaridade.

No outro extremo, o catolicismo conta com grupos engajados na transformação social. Com ideais marxistas, valorizam a mudança da conjuntura social a partir da fé compromissada. Aqui, a realidade é valorizada tal como realmente é. O ser humano é visto em sua totalidade, e não sofre acusações de que é pecador devido às suas escolhas. Prega-se uma prática mais consciente e “pé no chão”, de modo que a fé não fica restrita aos muros dos templos. Por defenderem a justiça, os adeptos a este grupo são erroneamente taxados como “hereges que querem destruir a Instituição”, mito propagado pela Canção Nova (a maior difusora do movimento carismático).

“Francisco é Papa de ruptura”, afirmou Leonardo Boff em entrevista concedida hoje à Folha de São Paulo. Apensar dos distintos grupos, o discurso da instituição Igreja Católica deve valorizar a realidade do mundo. Dialogar com diversos grupos, dentre eles a Teologia da Libertação, é essencial para a conquista da Unidade tão propagada por Jesus Cristo, que foi um grande líder revolucionário à frente de seu tempo.


Deixar a hipocrisia e o poder de lado e fazer valer os verdadeiros ensinamentos da fé é um importante passo que a Igreja deve tomar para reanimar seus fiéis.