
Durante o inverno, o local se torna inacessível. Era tudo o que Jack desejava. Escritor frustrado, o homem necessitava de algum período isolado para dar continuidade a um livro. Na entrevista de emprego, o gerente do hotel alerta Torrance sobre a possibilidade de o confinamento vir a causar crises de claustrofobia. Além disso, o avisa que um antigo zelador chamado Charles Grady, dominado pela cólera do isolamento, assassinou brutalmente a mulher e as filhar, cortando-as em pedacinhos com um machado, suicidando-se em seguida. As informações não desanimam Torrance, que juntamente com a esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd), aceita o desafio de viver uma temporada no imenso hotel.
O garotinho Danny possui uma peculiaridade: é capaz de conversar com Tony, um amigo imaginário que “habita em sua boca”. Em determinado momento, Tony avisa Danny de que coisas terríveis o aguardam no hotel. Uma visão aterroriza o garotinho: enxurradas de sangue saem pelo vão das portas de dois elevadores. Estas imagens aparecem diversas vezes no filme, acompanhadas de uma trilha alucinante, causando arrepios no espectador. O cozinheiro do hotel, Dick Hallorann (Scatman Crothers) nota que Danny, assim como ele, possui o dom da telepatia. Em uma conversa com o menino, Hallorann diz que pessoas com tal dom, são chamadas de iluminadas (shinning).
Passado algum tempo, a saúde psíquica de Jack se deteriora progressivamente. Alucinações o perseguem com frequência. Esta é a grande dúvida do filme: as aparições são sobrenaturais ou meras projeções causadas pelo estado frenético de Jack Torrance? Pois bem, a partir daí o terror ganha espaço na obra de Kubrick. Sempre através de exageradas e assustadores trilhas sonoras, as cenas de perseguição se tornam eletrizantes. O estopim se dá quando Jack flagra a esposa bisbilhotando os rascunhos de seu livro. São centenas e mais centenas de laudas contendo uma estranha frase: “Muito trabalho e nenhuma diversão fazem de Jack um garoto estúpido” (All work and no play makes Jack a dull boy). Colérico, Jack começa a perseguir a mulher dizendo que vai matá-la. Ela o golpeia e ele rola a escadaria do salão do hotel, machucando o tornozelo. Wendy o arrasta até a despensa e o tranca no local.
O dualismo sobrenatural/realidade acarreta mais dúvidas quando um homem, supostamente Charles Grady, no caso já morto, ajuda Jack a sair do local para cumprir “a missão”: exterminar a mulher e o filho. Se tudo era produto de crises claustrofóbicas, como uma “miragem” poderia ajudá-lo?
Pois bem, quando Jack sai do porão segurando um machado para “cortar a mulher em pedacinhos” temos uma das cenas mais marcantes da história do cinema mundial: ao quebrar parte da porta Jack indaga a frase: “Querida, aqui é o Johnny” (Here’s Johnny!) A expressão de Nicholson e o desespero transmitido por Shelley Duvall são inesquecíveis.
O Iluminado é um desses filmes de terror que causam espanto devido à intensidade na interpretação dos atores, trilha sonora, iluminação e movimento de câmeras. É a típica obra de Kubrick, diretor cuja característica perfeição está em primeiro plano. Tanto é que diversas cenas foram descartadas prestes a obra ser lançada. Dizem também que o diretor tentou fazer com que a atriz Shelley Duvall tivesse o mesmo estresse da personagem, e não mediu esforços para isso: a mulher foi obrigada a gravar uma cena 127 vezes! Mas o resultado esta aí! Uma obra perturbadora e difícil de ser esquecida. Eu recomendo!