
No clássico romance “Dom Casmurro”, Machado de Assis faz uma interessante observação quando afirma que é possível “ligar uma ponta a outra da vida”, no caso da obra, infância e velhice. Isso me fez pensar que a vida passa depressa e que viver é um grande desafio. Desafio árduo, na maioria das vezes.
De uns tempos para cá, tenho percebido que sei muitas coisas na teoria. Sei passar longas e cansativas lições de moral nas pessoas a minha volta. Vira e mexe vem alguém fazer uso de meus dons de psicólogo sem formação em Psicologia. No entanto, sou um teórico que possui extrema dificuldade em aplicar simples conceitos na prática.
A fórmula de meu sofrimento é mais complicada do que uma equação matemática. Tente entender, o motivo de minhas angústias encontram-se sempre no fato de ter que fazer escolhas que poderão incidir diretamente em algo já consolidado na minha vida.
São dois caminhos a seguir. Distintos em si, mas que podem transformar meu percurso. De um lado, aquilo que sou. Do outro, aquilo que posso vir a ser. Neste caso, uni duni tê não resolve. A emoção, tampouco. Preciso agir com uma razão fora do comum. Resultado: possibilidade de sucumbir em angústia!
No entanto, uma luz sempre me guia. A resposta está em mim, cabe parar, refletir, saber ouvi-la e compreendê-la. Desta vez a voz que daria a resposta berrava dentro de mim, mas eu fingia que não a escutava. O que me preocupava em atender ao clamor daquela voz era o que as pessoas ao meu redor iriam pensar. É típico do ser humano depositar expectativas nos outros. Tanto é que, de tanto se preocupar com a vida alheia, determinadas pessoas esquecem-se de viver. Machado também fala sobre isso quando relata que a mãe de Bentinho preconizara o futuro de seu primogênito antes mesmo deste nascer, prometendo aos deuses metê-lo no seminário.
Mas ganhei coragem e decidi ouvir a voz de meu coração (a voz que vem da alma) e não os murmurinhos do mundo afora.
Simplesmente adiei alguns planos. Na verdade, meu objetivo foi dar lugar a outros muitos planos que há tempos sonho em colocar em prática. Quem realmente me entende, aceita. Quem não me atende, pode pensar que sou tolo ou algo assim... Paciência. Apenas eu e somente eu sei o motivo de minha escolha. Uma coisa é certa: não desisto facilmente de meus sonhos... E são muitos!