E de repente a vida os pregara
uma peça. Inimaginavelmente viram a rota ser desviada. Seguiram direções contrárias.
Promessas de um futuro eterno foram apagas impiedosamente. Cada um trilhou seu
caminho, sem olhar para trás, não deixando transparecer os reais sentimentos. Aboliram
qualquer hipótese de deixar a emoção superar a força da racionalidade. Para
atender às expectativas do mundo externo, sufocaram a voz que ecoava fortemente
do coração.
Tive a oportunidade de contemplar
aqueles olhares taciturnos motivados pela dor da separação. Por mais que
tentassem ocultar a real dimensão de seus sentimentos, os olhos denunciavam. Aliás,
eles sempre denunciam, pois são espelhos da alma. Quem possui sensibilidade um
pouco mais aguçada, percebe.
Ao analisá-los, percebi que
aquele sentimento que chamam de saudade possui sabor... Um sabor amargo, mas ao
mesmo tempo doce. Um gosto que gera indigestão, mas ao mesmo tempo causa alívio.
Um sentimento extremamente paradoxal, provido de algo que já não faz parte da
vida, que fora desprendido de nós mesmos pelas casualidades da vida.
Com este sentimento guiando seus
passos, eles trilharão seus caminhos. Porém, conviverão eternamente com a terrível
maldição que é o pensamento humano. Uma vez deixadas, certas marcas ficam
impregnadas eternamente em nossa alma! Tal como cicatrizes de feridas, aos
poucos se amenizam, porém, a marca sempre existirá. Ao contemplar a marca,
reviverão o passado que os aprisiona um ao outro. Pudera eu trazê-los de volta
para a vida usando como arsenal a força das palavras...
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