quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Reflexões


O que será a Felicidade? Este é um termo completamente subjetivo. Inúmeras reflexões e opiniões acerca deste tema existem no íntimo de cada ser humano. Ao passo que congregamos experiências de vida, nossa noção de felicidade vai sendo lapidada e, consequentemente, se aprimora. Mas tudo é um processo lento e gradual. A ideia de ser feliz de um idoso é bem diferente a de uma criança.

Com o final do ano, é inevitável que reflexões brotem em nossa mente de maneira inexplicável. Em um dia entediante, decidi sentar-me frente ao computador e escrever sobre a felicidade. Sabe-se lá o por quê. Meu desejo é evitar ser piegas ou “sentimentalóide”. Mas falar de assuntos subjetivos sem correr tal risco é extremamente laborioso.

Mas vamos ao que interessa: creio que ser feliz é uma característica inata. A semente da felicidade é plantada assim que nascemos. Nós mesmos somos os responsáveis por cuidar desta semente a fazer com que ela cresça e gere bons frutos. Em suma, creio que a felicidade é um dom inerente a cada ser humano, não existindo por si só, no mundo exterior.

As incontáveis noções de felicidade pertencem ao vasto rol de experiências que vivenciamos no decorrer de nossa história. Certa vez, dois amigos estavam em um sítio, local muito rústico e completamente distinto da realidade urbana na qual viviam. Para um deles, tudo parecia sublime. Ele sabia contemplar a beleza das flores, o silêncio, a suavidade do balanço das árvores, o som dos animais.... O outro, por sua vez, enxergava tudo isso como um verdadeiro terror. Para este, nada era mais desagradável do que a mansidão do longínquo lugar. Duas pessoas. Duas noções de felicidade. Seis bilhões de pessoas. Seis bilhões de noções de felicidade.

Quem me conhece sabe de minha louca paixão por assuntos subjetivos como este. A meu ver, a magia das ciências humanas se deve principalmente pelo fato de estimular seus pesquisadores a pensar. Não é necessário chegar à uma resposta, a um denominador comum. Caso contrário, roubaria a lógica que permeia as ciências exatas.

É isso que admiro nos poetas. A capacidade de enxergar o mundo com os olhos de um cientista da área de humanidades, isto é, de buscar nas banalidades uma vastidão de significados que os ditos “normais” não são capazes de notar. Almejo ter e aprimorar esta característica privilegiada. Este dom genuíno.

Como ainda não encontrei respostas concretas para o que vem a ser felicidade, seja por falta de maturidade poética, seja porque realmente não existe significado, desejo que 2010 seja um ano em que a humanidade consiga ser feliz! Que dê valor aos pequenos gestos, atitudes e momentos; que se torne mais benevolente e sonhadora; enfim, que aprenda a dar um passo de cada vez... FELIZ 2010!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sem Máscaras: De Olhos Bem Fechados

O texto abaixo foi publicado na edição de 20 de dezembro no jornal Folha da Região. Confira:





Existe uma linha tênue que segrega sonho e realidade. Relações sociais se dão por meio de máscaras capazes de ocultar a imperfeição humana. Absolutamente nada é o que parece ser. Estas são algumas das temáticas utilizadas por Stanley Kubrick em seu último trabalho, “De Olhos Bem Fechados” (Eyes Wide Shut, EUA, 1999).

A narrativa é lenta, estratégia utilizada por Kubrick para levar o espectador a adentrar-se ao íntimo de cada personagem retratada. Alice (Nicole Kidman) e Bill (Tom Cruise) representam um típico casal americano aparentemente perfeito. Após uma discussão, a mulher, sob efeito de entorpecentes, revela ao marido que já teve fantasias sexuais com outro homem. O fetiche jamais foi consumado, mas a revelação desencadeia em Bill um estado de frenesi.

A discussão é o mote para que o bem sucedido médico passe a vagar pelas ruas da excêntrica Nova York com o intuito de se recompor. A partir daí, Bill se depara com uma série de situações surreais, inusitadas e perturbadoras, que o levam a uma louca “viagem” pelos instintos humanos. Absolutamente nenhuma personagem que cruza o caminho do protagonista detém a virtude da sanidade.

A noite de Bill é o ponto crucial no qual Kubrick apresenta sequências dotadas de mistério e perfeição. Com elegância sem precedentes na história do cinema, é revelado um macabro ritual erótico-religioso. Na celebração, todos os participantes se ocultam por meio de máscaras. A orgia ritualística é cuidadosamente retratada. Não existe espaço para vulgaridades. A intenção aqui é demonstrar seres humanos literalmente despidos, sem as máscaras da hipocrisia.

O mistério é latente a cada cena. Os diálogos longos são acrescidos de trilha sonora milimetricamente bem selecionada, capaz de gerar apreensão. O som das insistentes marteladas nas teclas de piano somado à iluminação enigmática faz de “De olhos Bem Fechados” uma produção de inquestionável peculiaridade.

Não é um filme para se ver uma vez só, dado o fato de estar a anos-luz de distância das produções clichês de fácil compreensão que têm dominado a indústria cinematográfica mundial. Um grande drama psicológico que revela características inerentes a qualquer bom samaritano. Uma obra prima que induz o espectador a desconstruir estereótipos sobre si mesmo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Internet Para Todas as Idades




Com 71 anos de idade, Ventura Picasso é usuário assíduo de redes sociais



Há quem pense que a Internet é exclusivamente usada por jovens. Ledo engano. Cada vez mais democrática e de suma importância para a agilidade contemporânea, a rede mundial de computadores atrai adeptos de todas as idades. Redes sociais como Orkut, FaceBook, Twitter e Blogs proporcionam uma inter-relação entre os usuários e viabiliza o intercâmbio democrático de informações.

O aposentado Ventura Picasso, 71 anos, faz parte do grupo experimental da academia araçatubense de letras e utiliza com assiduidade redes como o Orkut. Além disso, seu blog www.picassoventura.blogspot.com é atualizado com frequência. Picasso também não dispensa uma boa conversa via MSN.

A escrita sempre foi uma de suas especialidades. Durante 35 anos trabalhou em um comércio de infraestrutura de material impresso e hoje, alterna suas atividades atuando como colunista do jornal Folha da Região. No entanto, o espaço no jornal não é, segundo ele, adequado para expressar algumas ideias, por isso, enxerga no blog uma boa alternativa. “Aquilo que é censurado no jornal, deixo no blog. É minha janela da verdade. Creio que o blog veio para democratizar um espaço que faltava: o da livre manifestação de ideias.

O estilo de texto predominante no blog de Picasso é a crônica, gênero textual no qual o autor tem total liberdade de criação, ao transpor para a ficção um fato real. Política é um dos temais mais comentados no diário virtual de Picasso. “Quando descobri que o blog era um espaço desprovido de censura, me animei. Atualmente, antes de enviar textos para o jornal, coloco-os no blog. Se for publicado, ótimo, se não for, paciência”, revela.

O reconhecimento do espaço virtual utilizado por Picasso para propagar seus ideais resultou na sua participação no primeiro encontro de blogueiros, realizado pelo blog Cia. dos Blogueiros (www.ciadosblogueiros.blogspot.com) no dia 19 de setembro. O objetivo foi definir ações, bem como a criação de uma entidade devidamente registrada para representar a classe dos adeptos à blogosfera.



Orkut

O Orkut, uma das redes sociais mais populares do mundo, também faz parte da vida de Ventura Picasso. Seu sobrenome (possui parentescos com Pablo Picasso) faz com que a adesão de “novos amigos” seja numerosa. Até mesmo parentes desconhecidos de Ventura foram encontrados no Orkut. “A cada seis meses descubro parentes novos nesta rede social. Além disso, já reencontrei pessoas que não via há vinte anos e inclusive velhas namoradas”, afirma.

O escritor confessa utilizar esta ferramenta exclusivamente como forma de entretenimento, por isso, evita falar de política no Orkut. “Esse site é muito rico. É vivo, à medida que possibilita a troca de mensagens entre pessoas que há tempos não se viam.”

Conhecimento

Ventura Picasso considera a Internet primordial para a vida contemporânea. Seus interesses na web variam muito, entretanto, a política está no topo de suas preferências. “Como pesquisador político, necessito da Internet para saber determinadas coisa como, por exemplo, os prêmios já ganhos pelo presidente Lula”, considera. Mas a credibilidade das publicações online deixa Picasso com um “pé atrás”. “Isso é um grande problema. É necessário conhecer a fonte e saber a origem do que é noticiado. Procuro pesquisar, ler muito. Passo a maior parte de meu tempo lendo, de modo a fazer uma análise crítica da realidade.”

A leitura ocupa espaço privilegiado na vida de Picasso e para ele, os livros jamais perderão espaço para a Internet, ao contrário dos jornais impressos que, segundo ele, já veem suas tiragens sendo diminuídas. “A liberdade de imprensa é muito importante, mas para aquele que fala a verdade. Tanto na Internet quanto no jornalismo impresso, a veracidade é fundamental”, aconselha. Esta veracidade, de acordo com ele, é proveniente da maior riqueza que alguém pode ter: o conhecimento.

Confira abaixo trecho da entrevista com Ventura Picasso:




Por: Angélica Neri, Cristiano Morato, Diuân Feltrin, Gustavo Caldeira e Rafael Lopes

(*) Trabalho idealizado como Atividade Avaliativa da Disciplina Jornmalismo Online e Novas Tecnologias II, ministrada pelo professor e jornalista José Marcos Taveira.