domingo, 22 de fevereiro de 2009

Inesquecivelmente aterrorizante


O confinamento é capaz de gerar diversas consequências. Loucura. Cólera. Depressão... Este é o argumento que conduz um dos filmes mais perturbadores da história do cinema. O Iluminado (The Shining, 1980), dirigido por Stanley Kubrick com base no livro homônimo do mestre do suspense Stephen King, narra a trajetória de Jack Torrance (Jack Nicholson), pai de família que consegue uma vaga para trabalhar como zelador no hotel Overlook, nas montanhas do Colorado (EUA). No entanto, Torrance não imaginava no que resultaria esta tentadora oportunidade.

Durante o inverno, o local se torna inacessível. Era tudo o que Jack desejava. Escritor frustrado, o homem necessitava de algum período isolado para dar continuidade a um livro. Na entrevista de emprego, o gerente do hotel alerta Torrance sobre a possibilidade de o confinamento vir a causar crises de claustrofobia. Além disso, o avisa que um antigo zelador chamado Charles Grady, dominado pela cólera do isolamento, assassinou brutalmente a mulher e as filhar, cortando-as em pedacinhos com um machado, suicidando-se em seguida. As informações não desanimam Torrance, que juntamente com a esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd), aceita o desafio de viver uma temporada no imenso hotel.

O garotinho Danny possui uma peculiaridade: é capaz de conversar com Tony, um amigo imaginário que “habita em sua boca”. Em determinado momento, Tony avisa Danny de que coisas terríveis o aguardam no hotel. Uma visão aterroriza o garotinho: enxurradas de sangue saem pelo vão das portas de dois elevadores. Estas imagens aparecem diversas vezes no filme, acompanhadas de uma trilha alucinante, causando arrepios no espectador. O cozinheiro do hotel, Dick Hallorann (Scatman Crothers) nota que Danny, assim como ele, possui o dom da telepatia. Em uma conversa com o menino, Hallorann diz que pessoas com tal dom, são chamadas de iluminadas (shinning).

Passado algum tempo, a saúde psíquica de Jack se deteriora progressivamente. Alucinações o perseguem com frequência. Esta é a grande dúvida do filme: as aparições são sobrenaturais ou meras projeções causadas pelo estado frenético de Jack Torrance? Pois bem, a partir daí o terror ganha espaço na obra de Kubrick. Sempre através de exageradas e assustadores trilhas sonoras, as cenas de perseguição se tornam eletrizantes. O estopim se dá quando Jack flagra a esposa bisbilhotando os rascunhos de seu livro. São centenas e mais centenas de laudas contendo uma estranha frase: “Muito trabalho e nenhuma diversão fazem de Jack um garoto estúpido” (All work and no play makes Jack a dull boy). Colérico, Jack começa a perseguir a mulher dizendo que vai matá-la. Ela o golpeia e ele rola a escadaria do salão do hotel, machucando o tornozelo. Wendy o arrasta até a despensa e o tranca no local.

O dualismo sobrenatural/realidade acarreta mais dúvidas quando um homem, supostamente Charles Grady, no caso já morto, ajuda Jack a sair do local para cumprir “a missão”: exterminar a mulher e o filho. Se tudo era produto de crises claustrofóbicas, como uma “miragem” poderia ajudá-lo?

Pois bem, quando Jack sai do porão segurando um machado para “cortar a mulher em pedacinhos” temos uma das cenas mais marcantes da história do cinema mundial: ao quebrar parte da porta Jack indaga a frase: “Querida, aqui é o Johnny” (Here’s Johnny!) A expressão de Nicholson e o desespero transmitido por Shelley Duvall são inesquecíveis.

O Iluminado é um desses filmes de terror que causam espanto devido à intensidade na interpretação dos atores, trilha sonora, iluminação e movimento de câmeras. É a típica obra de Kubrick, diretor cuja característica perfeição está em primeiro plano. Tanto é que diversas cenas foram descartadas prestes a obra ser lançada. Dizem também que o diretor tentou fazer com que a atriz Shelley Duvall tivesse o mesmo estresse da personagem, e não mediu esforços para isso: a mulher foi obrigada a gravar uma cena 127 vezes! Mas o resultado esta aí! Uma obra perturbadora e difícil de ser esquecida. Eu recomendo!

Confira um dos trechos mais marcantes:


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eutanásia: ainda resta esperança!

Acidentes automobilísticos acontecem quase que diariamente. Alguns mais graves em relação a outros. As vítimas, geralmente sofrem alguns danos, mas, a maioria se recupera com o passar do tempo. A italiana Eluana Englaro sofreu um acidente há 17 anos atrás, mas não teve a sorte de se recuperar. Desde então, a mulher estava em coma irreversível, como um verdadeiro vegetal. À medida que o tempo passava, o sofrimento da família de Eluana aumentava. Qualquer esperança de cura era vista como mera utopia. Em uma atitude completamente cética, o pai de Eluana decidiu propor ao governo italiano a possibilidade de desligar os aparelhos que mantinham a filha viva. Mesmo sendo inconstitucional, a solicitação foi atendida, e os aparelhos que alimentavam a mulher foram desconectados. Na semana passada, a morte colocou fim ao sofrimento de 17 anos da família Englaro. 

O fato desencadeou em todo o mundo uma série de discussões acerca de uma polêmica temática: a eutanásia. Indiscutivelmente ninguém possui o direito de decidir sobre a vida do outro. Provações fazem parte do cotidiano de qualquer ser humano e comprovam se somos capazes de lidar com adversidades sem perder a fé. É óbvio que 17 anos de sofrimento corrói esperanças de qualquer família. Seria desumano julgar a atitude do pai de Eluana; é compreensível o drama vivido por este homem ao ver a filha em tal situação. O que deve ser levado em conta são os motivos que induzem as pessoas a perderem a fé de que dramas como esses podem ser revertidos. 

A medicina italiana, avançadíssima por sinal, declarou que o caso Eluana Englaro não teria solução. Isso destruiu qualquer convicção positiva que o pai ainda poderia ter. Sua fé foi substituída por desesperança e escuridão. Não por acaso decidiu pela maneira mais fácil de amenizar a dor: a morte da filha. 

A sociedade contemporânea é dominada por mensagens negativas e desestimulantes. Além disso, injustiças predominam; a má distribuição de renda faz com que uma parcela seja beneficiada em todos os sentidos, enquanto outra parcela é jogada às traças; humilhações e preconceitos ao que se contrapõe aos ideais pré-estabelecidos como corretos também estão presentes. Enfim, tudo isso pode ser visto como formas de eutanásia. 

A valorização da vida, desde sua concepção até seu declínio natural, já não é pregada pela sociedade contemporânea. A ideia é vista como intrinsecamente cristã e piegas. Mas se for para estimular a vida, tais denominações devem ser vistas como títulos honrosos. A propagação de mensagens esperançosas e políticas sociais que prezem o bem-estar coletivo são as únicas maneiras de estimular a valorização da vida. Enquanto estas atitudes não vingarem, continuaremos a presenciar diversos tipos de eutanásia que colocam fim, antes do tempo, à vida de diversos seres humanos, o que é um lamentável desperdício...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Duas Décadas...

Jamais gostei de falar sobre mim. Autobiografia não é minha especialidade. No entanto, hoje sou obrigado a abrir uma exceção, afinal, não é sempre que se comemora 20 anos. Ah... Isso mesmo... 20 anos! Como passou rápido! Parece que o tempo voou e sequer notei! Pois bem, é embaraçoso, mas vamos falar de mim...

Fazer um balanço geral dessas duas décadas é tarefa árdua. Foram muitos os momentos bons que vivenciei, e, é claro que os ruins também tiveram espaço garantido nos meus dias. Sou grato a Deus por tudo! Viver bons momentos é gratificante, mas os maus também são necessários e valem como lições; a vida é uma verdadeira pedagogia... Como é difícil falar de mim, passo a falar de um gordinho que ficou lá atrás no tempo...

Olhando para trás, ainda vejo aquele gordinho de cara fechada, meio depressivo. Confesso que sinto falta dele. Ah se eu pudesse encontrá-lo, o ensinaria a viver melhor, ter mais autoestima; mostraria a ele a arte de ver nas pequenas coisas, a felicidade suprema; ensinaria o gordinho a ignorar as adversidades, considerando-as grandes ensinamentos. Gostaria de mostrar àquele garoto que tudo na vida possui uma explicação. E que o valor de algumas explicações está no fato de serem inexplicáveis... Enfim, transmitiria a ele a pedagogia da vida, que se resume na arte de valorizar a fé, a arte dos verdadeiros sábios.

O garotinho sempre foi diferente. A começar pelo nome, bastante incomum. O interesse por algumas coisas que os outros veneravam, nunca o dominou. Era meio excluído por causa disso... Sempre foi meio “chorão”. Seus interesses eram livros, TV e cinema. Nunca foi de falar muito. Preferia se expressar através da escrita. Ah caros amigos... A escrita! A maior paixão de nosso garoto. Era aí que ele se revelava! No entanto, com o passar do tempo, deu a volta por cima e vestiu a máscara de “ator social” por simples necessidade de, digamos, “incluir-se socialmente”. A taxação de antissocial sempre peregrinou ao lado de nosso amigo e isso não era bom. Felizmente tal denominação já não predomina.

Hoje o garoto cresceu, e em consequência disso, adquiriu maturidade! A identidade se formou... Minto... Está se formando! Espero que jamais se complete a formação de tal identidade! Prefiro que ela se aperfeiçoe a cada milésimo!

É esse pensamento que gostaria de passar ao garoto que ficou lá atrás! O ser humano deve estar em sintonia com Deus, lutando a cada instante para formar sua identidade. Deve ter consciência de que somos seres imperfeitos, sedentos por aperfeiçoamento. Cabe a nós adquirirmos discernimento para descobrirmos aonde buscar a fonte da perfeição! Resumindo: a vida é um constante processo de construção!

Bom amigos, aí está. Sinto-me um pouco ridículo falando de mim mesmo. Mas, eu também mereço!

Gostaria de compartilhar com vocês uma música que levo como inspiração para viver! Considero esta canção uma verdadeira oração. O bom artista é aquele que faz uso dos dons que Deus proporcionou para transmitir ao público sábias mensagens! Ao ouvir esta música, é impossível não pensar em Deus. O título já diz tudo: “Tocando em frente”. E a frase: “cada um de nós constrói a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz... De ser feliz!” Não precisa dizer mais nada, não é mesmo?! Confira esta versão, lindamente interpretada pelo grande orientador espiritual, Padre Fábio de Melo:

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Um livro para pessoas especiais


Você já imaginou passar um dia com Deus? Pode parecer uma ideia surreal, absurda ou até mesmo subjetiva, já que nós cristãos acreditamos que Ele está presente em todos os momentos de nossa existência. Mas, você já imaginou ficar cara a cara com Deus? E mais, já se viu obrigado a encarar seu maior pesadelo a fim de superá-lo?

É esta premissa que permeia o best-seller A Cabana (tradução de Alves Calado; Sextante; 240 páginas; R$ 24,90). De autoria de William P. Young, o livro narra a trajetória do pai de família Mackenzie. Era para se um fim de semana de diversão para Mack e seus filhos, porém, uma tragédia desperta no homem uma Grande Tristeza que o acompanha por toda a vida.

Passado alguns anos após a tragédia, Mack recebe um estranho bilhete em sua caixa de correio. Assinado carinhosamente por Papai, a mensagem o convida a visitar o local onde ocorreu o fato que desencadeou a Grande Tristeza.

Um pouco relutante Mackenzie volta ao local: uma velha e abandonada cabana afastada de toda a civilização moderna. Um lugar onde a solidão e o abatimento enseja qualquer ser humano depressivo a cometer um ato de loucura. Bom, não posso revelar o enredo. O que será que aconteceria com Mack após chegar ao palco de seu mais perturbador pesadelo? Como enfrentaria a Grande Tristeza? Como perdoar alguém que roubou dele seu mais precioso bem? Como Mack poderia recuperar a subjetividade sequestrada? Papai o auxiliaria...

A Cabana é o tipo de bibliografia que induz o leitor a simplesmente pensar sobre o verdadeiro significado da existência. Até que ponto os acontecimentos narrados poderiam ser verdadeiros ou utópicos? Gostaria de compartilhar A Cabana com todos que considero especiais. É um livro capaz de transformar vidas. Como o próprio autor diz: vale como uma oração. A obra se Encontra na lista dos mais vendidos. Não consegui ainda classificá-lo como autoajuda ou ficção, mas creio que tal denominação de gênero depende da visão de cada leitor. Simplesmente leia e reflita sobre sua cabana particular... todos guardamos uma cabana no mais profundo eu...