domingo, 26 de outubro de 2008

Demorou mas consegui!

Pois é pessoal. Às vezes na vida é necessário esperar muito para conseguir atingir alguns objetivos traçados. Meu principal objetivo até então era conseguir um estágio para aperfeiçoar meu aprendizado como estudante de Jornalismo.
Na segunda-feira dia 20/10 estava eu lá no laboratório de redação da faculdade em plena aula de Projetos Gráficos, quando o Rogério da Udop (União dos produtores de Bioenergia) me chamou para conversar. Fui falar com ele, que me convidou para realizar uma prova no dia seguinte na sede da Udop.
Na terça-feira fui até lá e encarei um longo teste de Português, Matemática, Noções espaciais e Raciocínio abstrato. Passou duas horas e eu terminei o teste. Voltei para Birigui. No mesmo dia meu telefone toca. Era o Rogério dizedo que eu havia superado todas as expectativas na prova e me perguntou quando eu poderia começar! Na hora não tive reação e respondi: “Você que sabe!” e ele disse: “Por mim pode ser amanhã!”
Na quarta-feira fui até a Udop e comecei meu estágio! Demorou mas consegui! Isso é prova de que a espera é fundamental para que nossos sonhos possam vir a tornar-se realidade!
Como moro em Birigui, minha vida tornou-se um pouquinho agitada! Todos os dias vou no ônibus das 8 da manhã e só volto no ônibus das 22h. Sem falar nas 2 horas de almoço que passo lá nas ruas de Araçatuba! Para se conseguir algo na vida é realmente preciso um pouco de esforço! Sei que vale a pena! O reconhecimento virá! E acredito que ainda tem muito pela frente! Isso é só o começo!
Primeiramente devo agradecer a Deus! Sei que nada acontece por acaso na vida de alguém! Ele só nos reserva coisas boas. Também agradeço à professora Karenine que me indicou ao Rogério!
Espero que esse estágio me renda bons frutos! A quem torceu por mim, agradeço muito! A quem não torceu também devo agradecer!
Até a próxima!!!

domingo, 19 de outubro de 2008

Uma ótima opção de leitura!!!

Detalhes perturbadores de um brutal assassinato

Uma pequena cidade localizada ao oeste do Kansas. Vidas indiscutivelmente opostas. De um lado, uma família bem-sucedida, do outro, dois sujeitos perdidos mundo afora. O cenário tranqüilo de Holcomb jamais poderia sugerir que um brutal assassinato pudesse ocorrer naquela simples cidade. Porém, a chegada de dois forasteiros transformou completamente o cotidiano do lugar. A missão de Perry Smith e Dick Hickock era realizar um roubo na residência da família Clutter, mas os rumos da história seriam diferentes.

Além do roubo, os homens se viram forçados a exterminar cada membro da família para não serem identificados. Uma chacina que marcou para sempre a pacata Holcomb. A história é real, mas o grande escritor e jornalista norte-americano Truman Capote imortalizou-a ao transformá-la em um inesquecível romance. A sangue frio (In Coldo Blood, Cia. das letras, 2006, 412páginas, R$ 49,90) congrega elementos de uma grande reportagem com características de consagrados best-sellers. É o estopim para a inauguração de um novo gênero jornalístico: o new journalism.

Durante seis longos anos Capote aprofundou-se no caso do extermínio dos Clutter. Entrevistou todas as pessoas que de uma forma ou de outra conviveram com a situação, além de manter contato com os assassinos. O árduo empenho resultou em uma obra rica em detalhes e emoção. A maneira peculiar encontrada pelo autor para narrar aspectos físicos e psicológicos, causa a impressão de que as personagens foram criações dele. Mas não. Tudo era realidade.

Usando o método alinear de narração, Capote é capaz de cativar o leitor ao propor algumas dúvidas perturbadoras. Em determinado momento, é sugerido que apenas um dos homens realizou o massacre, enquanto o outro promoveu o roubo e livrou-se das pistas. A ânsia em descobrir quem é o assassino é inevitável: Perry, frágil e de passado sombrio, ou Dick, forte e decidido? A apaixonante descrição de um dos sujeitos revela, propositadamente, o verdadeiro autor do crime.

O livro também lança uma discussão geradora de muita polêmica: a pena de morte. Evidentemente, tanto Smith quanto Hickock pagaram a pena máxima. Entretanto, a dúvida que paira é a seguinte: ambos mereceram o castigo? Outra questão que a minuciosa narrativa de Truman Capote revelará.

O sucesso de A Sangue Frio fez com que a história da família Clutter se transformasse em obra cinematográfica. No entanto, o longa metragem não possui o mesmo êxito que o livro, já que muitos detalhes são ocultados. A criação de Capote reflete a excelência jornalística e é parâmetro para qualquer profissional que almeja aperfeiçoar sua narrativa.

Uma Vencedora

Confira a seguir uma reportagem perfil idealizada por mim e pelas minhas amigas futuras jornalistas, Angélica Neri e Juliana Siqueira. Trata-se de uma homenagem para o dia do professor feita como atividade da disciplina Técnicas de Redação II, ministrada por Ayne Salviano.
Nossa homenageada foi a professora e jornalista Karenine Miracelly, nossa coordenadora de curso e professora de Teoria do Jornalismo II. Um exemplo de profissional e ser humano. Uma pessoa que venceu na vida mas não perdeu a capacidade de sonhar!
O texto que segue foi divulgado no site do unitoledo e também no Blog do curso de Jornalismo! Boa Leitura!

Peculiaridades de uma vencedora
Por Angélica Neri, Diuân Feltrin e Juliana Siqueira

Traços de seriedade misturados com sorriso de menina. Olhar doce, no entanto, com doses de sarcasmo. Olhos azuis como o céu na primavera. Exemplo de mulher moderna e independente, que com seu esforço e dedicação serve de parâmetro para jovens que buscam o sucesso profissional.
Seu nome foi inspirado em uma personagem do livro Anna Karênina, personagem do livro homônimo de Leon Tolstói. Sua mãe, Maria Rocha da Cunha, não leu a obra, porém o título a atraiu devido à semelhança com o nome de sua primogênita: Karine. “Todo nordestino que se preze tem nome complicado. Comigo, não seria diferente. Como diz o Severino, de João cabral de Melo Neto, Karenine é meu nome de pia; mas ao contrário dele, não somos muitas Karenines”, comenta.
Nascida em Natal, Rio Grande do Norte, no dia 2 de abril de 1980, Karenine Miracelly Rocha da Cunha considera-se uma mulher de sorte, já que teve dois pais: um biológico e outro de criação. Muito ligada à família, Karenine acredita que a união familiar é fundamental, caso contrário, torna-se apenas um “amontoado de pessoas com afinidades biológicas.”
A jovem é do tipo de pessoa que consegue enxergar a felicidade nos pequenos gestos: as conversar com a irmã e seus conselhos, o pão feito pela mãe, as pamonhas que penas seu pai, Francisco Manuel da Cunha sabe fazer. Enfim, coisas que para muitos podem parecer banais são essenciais para Karenine.
Por ironia do destino, os estudos entraram por acaso na vida da jovem. Nas campanhas eleitorais de 1985, D. Maria teimou em ensinar a filha mais nova a ler e escrever. O material usado: panfletos de campanhas políticas. O que começou como uma “brincadeirinha” transformou-se na maior paixão de Karenine: a leitura, que mais tarde acarretaria na escolha de sua profissão. Os anos de estudo, sempre em escolas públicas, caracterizaram-se por extremo empenho. “Sempre estudei em escola pública, inclusive a faculdade. E isso me incentivou a estudar mesmo, porque eu sabia que se quisesse aprender, teria que fazer a minha parte (que muitas vezes incluía a de professores mal remunerados e infelizes). Sou um pouco autodidata”, revela a jornalista.
A faculdade de jornalismo na Unesp de Bauru obrigou a jovem a se separar de aconchego familiar. A adaptação foi rápida, e as dificuldades para manter-se sozinha foram compensadas por bolsas de monitoria e iniciação científica, conquistadas com muita dedicação. “Foi por conta dessas bolsas que eu me dediquei muito à pesquisa durante a faculdade e fiz estágio na rádio Unesp. Anos depois, isso seria essencial para eu ingressar no mestrado.”
Concluída em 2001, a faculdade de Jornalismo foi mais uma vitória da menina de Natal. Parte do sonho realizado, faltava agora conseguir um trabalho na área. Isso foi muito fácil para nossa vencedora. Em dezembro do mesmo ano em que concluiu a faculdade, Karenine foi aprovada em um teste da Folha da Região de Araçatuba, onde atuou como repórter por cinco anos. Durante este período, outra paixão despertou: a área acadêmica.
Em Agosto de 2005, Karenine conseguiu mais uma vitória: passou a lecionar no UniToledo. Professora criteriosa e jornalista que se destaca por sua inteligência e cultura, possui peculiaridades ao transmitir sua sabedoria. Conhece os momentos ideais para tecer críticas e elogios, o que é facilmente identificado em seus famosos “recadinhos” nos finais das provas com sua bela letra de professora. Conhece as particularidades de cada aluno e está sempre disposta a ajudar. Ela acredita que ensinar, é uma boa forma de aprender. “Dizemos que professor é aquele que, no meio do caminho, não só ensina, mas aprende. Não estamos repetindo um bordão sem fundamento. Ensinar é, antes de tudo, estudar e pesquisar. E é isso que gosto de fazer”, enfatiza.
Karenine Miracelly Rocha da Cunha é o tipo de mulher que não descuida da aparência. Com cabelos castanho-claros, um pouco abaixo dos ombros, sobrancelhas finas, pele branca como a neve, magra, não muito alta e lábios carnudos de coloração avermelhada, é dona de um sorriso contagiante capaz de colorir um ambiente sombrio. Procura sempre se vestir de forma adequada à situação, o que demonstra sua compostura de mulher fina.
A voz suave, e ao mesmo tempo decidida, contradiz a fragilidade de sua aparente juventude com a autoridade de uma mestra. Normalmente brincalhona, às vezes surpreende a todos com uma pitada de mal-humor. Extremamente espartana, indisciplina é capaz de tirá-la do sério.
O reconhecimento que é dedicado a ela provém de sua vasta bagagem cultural, comprovada em suas envolventes explicações. Seu ar intelectual é realçado nas vezes que usa óculos. Professora de Teoria do Jornalismo para os acadêmicos do 4° Semestre e também Edição Jornalística para os alunos do último Semestre, Karê, como é carinhosamente conhecida pelos mais íntimos, conquistou, no início de 2008, o cargo de coordenadora do curso de Jornalismo, além de ser aprovada no concurso de professor da Fatec - Araçatuba. A receita de sucesso recomendada pela professora a seus alunos é, obviamente, a leitura de jornais, livros e revistas.
Os planos de Karenine não param por aí. Agora, ela pretende ingressar no Doutorado que, segundo ela, será mais uma etapa de muita dedicação, esforço e pesquisa. Porém, como as frustrações fazem parte da vida de qualquer vencedor, Karê encara isso maneira convincente. “Como todo mundo, choro em um primeiro momento. Mas depois, tem que comer um chocolate ou uma batatinha frita e sair para caminhar ou correr e pensar em como vencer a frustração e ser melhor que ela. Trata-se de uma atitude eat and run ou Forrest Gump.”
Karenine é a prova de que esforço, dedicação e competência levam ao sucesso. Uma grande colecionadora de conquistas. “Tudo que fiz até hoje foi acumular conquistas que, na verdade, são coletivas, visto que constituem sonhos particulares e de minha família. Meus pais não tiveram oportunidade de estudar e depositaram em mim e em minha irmã seus sonhos. Conseguimos realizar tudo juntos”, relata com emoção.
Ela é um exemplo de jornalista que se enquadra na famosa frase de Cláudio Abramo: “O jornalismo é, antes de tudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.”

domingo, 12 de outubro de 2008

12 de outubro: dia das crianças e dia da Mãe

No dia 12 de outubro comemora-se o dia dedicado às crianças. Se não fosse uma efeméride de caráter estritamente comercial, seria o momento de refletir sobre qual é o verdadeiro papel das crianças na conturbada sociedade contemporânea. O cenário vivido pelos pequeninos no Brasil não é dos mais animadores. Ainda existem inúmeras crianças que são forçadas a trabalhar com o objetivo de contribuir com a renda de suas famílias desprivilegiadas economicamente.

Há também crianças que têm seus lindos sorrisos esperançosos interrompidos pelo fantasma da violência. Incrível como alguém que se julga ser humano é capaz de acabar com a felicidade de uma criatura indefesa.
Outro caso de opressão, muito mais preocupante por sinal, diz respeito ao elevado número de crianças exploradas sexualmente. Quanto a isso, não vale a pena comentar.

Também neste dia 12 comemoramos o dia da Padroeira do Brasil. Recordamos o fatídico momento em que os pescadores encontraram uma singela imagem de Imaculada Conceição no rio onde pescavam no interior de São Paulo. Nessa época, o Brasil vivia o vergonhoso regime escravocrata. A pele negra da imagem representava a preferência de Maria pelos oprimidos e desprezados pela sociedade. Aquela pequena imagem era a representação da mãe de Jesus. O nome dado a ela foi Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A cidade onde foi encontrada recebeu o nome de Aparecida, que atualmente, recebe milhares e milhares de devotos que almejam ver de perto a milagrosa figura encontrada pelos pescadores no século XVIII, e agradecer sua intercessão junto ao Pai.

O coração materno é caracterizado pela acessibilidade e compreensão. Quando necessitamos pedir algo ao pai, logo nos dirigimos à mãe para que ela interceda por nós. O mesmo papel materno corresponde a Maria.

O evangelho de São João retrata o episódio das bodas de Caná. Maria percebe a falta de vinho e logo pede ao filho que tome uma providência. A mãe percebe os anseios de cada filho e intercede por cada um, ensinando que devemos “fazer tudo o que Jesus disser”. Mesmo aqueles que não crêem em seu poder intercessor, Maria acolhe com misericórdia em seu manto. Tudo seria melhor se os cristãos enxergassem Jesus com os olhos de Maria, e rezassem, não para ela, mas sim, como ela. Ao olharmos para Maria, ela nos aponta a direção para Jesus.

Maria nos ensina a nos dirigir ao Pai com a convicção de que seremos atendidos, já que Ele é misericordioso e compassivo. Ele mesmo instituiu Maria como mãe da humanidade quando disse a Pedro: “Filho, eis aí a tua mãe”. Uma fé que despreza a figura da mulher que ensinou Cristo a falar, não passa de uma fé inútil, imatura. Existe a ressalva de que os católicos “adoram” Maria, o que não passa de um discurso pronto e ignorante. O que realmente demonstramos por Maria é simples veneração, admiração e respeito por aquela simples jovem escolhida dentre todas as mulheres para ser mãe do Filho de Deus. Procuramos sempre seguir os passos da mãe que seguiu e amou seu filho acima de todas as coisas. Como seria bom se todos agissem assim.

Ritmos Contestadores

Segue abaixo um artigo feito por mim como atividade avaliativa da disciplina História e Cultura da Brasil Contemporâneo II. O tema é: Da Bossa Nova à Tropicália. Confira!



Revoluções acontecem de diversas maneiras. Diante da opressão, podemos nos rebelar através da força ou através de greves; há também revoluções feitas indiretamente através da liberdade de expressão. Porém, nenhum tipo de revolução supera a intelectual. Tendo em vista tal conceito, em meados dos anos de 1960, em plena Ditadura Militar, um grupo de jovens corajosos introduziram um movimento contestador, capaz de questionar o regime vigente. A censura não era aceita por essa geração. Inspirados nos moldes revolucionários da França de 1968 e nas letras contestadoras da Bossa Nova, criada no início da década, Caetano Veloso e Gilberto Gil introduzem o Movimento Tropicalista no Brasil.

A Tropicália consistia em uma releitura pop e hippie da Antropofagia defendida por Mário e Oswald de Andrade na revolução artística de 1922. Assim como na Semana da Arte Moderna, os jovens da década de 1960 defendiam uma arte contrária ao que até então era predominante. Nesta época, toda forma de manifestação artística era submetida à intensa repressão dos militares. Tudo que representasse algum tipo de questionamento ao regime militar, era tristemente censurado. O desregramento dos sentidos, letras herméticas, visão marginal e inconformismo radical, eram características básicas do movimento tropicalista.

A ousadia e rebeldia desta geração chegavam a tal ponto que nas letras de suas canções, exaltavam o uso de drogas, além de propor questões do tipo “é proibido proibir”, que revelava o desprezo que esses jovens tinham sobre qualquer forma de opressão. Com a instituição, pelo general de linha dura Costa e Silva, do Ato Institucional número 5 (AI-5), a censura torna-se radical, a ponto de submeter à cultura a uma espécie de lavagem cerebral. Seria o maior desafio dos jovens revolucionários.

A perseguição militar atingia diferentes áreas da cultura. Cinema, teatro, pintura, imprensa e, em especial, a música, eram duramente repreendidas após o advento do AI-5. Entretanto, a música era a forma intrínseca de manifestação da juventude desde o ano de 1960, quando a Bossa Nova atingia seu ápice.

Criada por jovens cariocas, a Bossa Nova era uma nova linguagem dada ao samba. Tratava-se de uma confluência da música típica brasileira com o jazz norte-americano. Um ritmo peculiar acompanhado geralmente por letras perturbadoras e contestadoras. Tom Jobim e João Gilberto foram os precursores desta arte no Brasil e seriam fonte de inspiração para os jovens de 1968.
Após o Golpe Militar de 1964, no qual os militares depuseram João Goulart do poder, o compositor Geraldo Vandré propôs aos músicos da época que suas canções deveriam servir como alerta ao povo. De acordo com Vandré, a função da música seria reverter o fato de os militares estarem prendendo e torturando o povo brasileiro, além de estarem promovendo lavagem cerebral. Acontece que após a música “Caminhando”, nenhuma outra atingiria o mesmo êxito de espírito revolucionário.

A Bossa Nova ainda é um dos estilos musicais característicos do Brasil, e já completa 50 anos de existência. No exterior o país é lembrado através da batida típica do ritmo nascido em 1960. O ritmo cujas letras exaltavam liberdade, e que serviria de inspiração para as futuras manifestações de jovens contrários a coerção vigente nos chamados “anos de chumbo” vividos pelo Brasil durante a ditadura militar.

domingo, 5 de outubro de 2008

Balanço Geral- Eleições Municipais 2008

Demorou mas acabou! Terminaram as eleições municipais aqui na nossa região que, felizmente, não necessita de 2° turno. Difícil fazer um balanço geral do que tivemos nesse período na cidade de Birigüi. Entre idas e vindas, três candidatos, bem diferentes entre si, almejaram um lugar na tão cobiçada cadeira do poder da prefeitura.

Três corajosos concorrentes! Um competente candidato a reeleição; outro sonhador, dono de um discurso utópico, peculiar, capaz de causar risos; e outra discreta, digamos, até demais.

Muitas brigas e rumores fizeram parte desse longo dramalhão mexicano de três meses. Boatos e mais boatos circularam pela imprensa tendenciosa existente de forma monopolizadora em nossa tão amada Capital do Calçado Infantil. Entretanto, como em uma verdadeira novela, o mocinho sempre se dá bem no final.

Veículos sensacionalistas tiveram as portas fechadas, visto que chacotearam injustamente um dos postulantes ao cargo Executivo seguindo as ordens de seu concorrente. Mas ficou ileso um determinado porta-voz da população que costuma colocar a “boca no trombone”. É revoltante ver os cidadãos sendo manipulados por incompetentes formadores de opinião. Mas desta vez a manipulação não surtiu efeito algum.

Promessas e mais promessas, músicas esdrúxulas, discursos ao melhor estilo “I Belive in Gnomos”, evidenciaram, dentre os três candidatos, aquele que seria o ideal para Birigüi. Pois é, o número de “bêbados e mulheres da vida” não é tão elevado como disse um dos nossos candidatos. A maior parcela da população birigüiense ainda é capaz de diferenciar e discernir discursos cabíveis e impossíveis, não se deixando guiar por promessas irrisórias do tipo “20 ginásios do esporte”, “violino em velório”, “Unesp em Birigüi” (pode acreditar!), dentre muitas outras de determinado postulante.
Viva o Povo de Birigüi! Viva a democracia! Viva o bom-senso! E daqui a quatro anos tem mais...


RESULTADO:
Wilson Carlos Borini: 35.165 votos (59,76%) 1° Prefeito reeleito da história de Birigüi
Roque Barbieri: 21.898 votos (37,21%)
Doutora Ivete: 1.784 votos (3,03%)

Dica para uma boa leitura

Infância Roubada

Gilberto Dimenstein, atual membro do Conselho Editorial do jornal Folha de S. Paulo, realizou, em 1992, um trabalho que pode ser considerado como uma das maiores representações da competência jornalística. Trata-se do livro Meninas da noite (Ática, 160 páginas, R$ 15,00).
Para compor a obra, o repórter investigou, durante seis meses, a rota do tráfico de meninas no Norte do Brasil. De Belém do Pará até o pequeno município Cuiú-Cuiú, Dimenstein relata cenas chocantes que serviriam de enredo para uma produção hollywoodiana.
Nos seus 11 capítulos, o livro surpreende o leitor ao revelar os requintes de crueldade as quais inocentes meninas são submetidas. Pequenas mulheres que tiveram a infância roubada pelo fantasma da prostituição.
Em sua rota, o autor relata histórias de meninas na faixa etária de 9 a 17 anos que foram iludidas com falsas promessas de ascensão social através de empregos dignos. Muitas destas garotas desconhecem métodos contraceptivos e são vítimas de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. É comum o relato de meninas como Maria Sanches, que diferentemente da maioria das crianças de sua idade, aprendeu a trocar roupa de bebê em seu próprio filho.
São estarrecedores os casos que denotam a decadência da estrutura familiar. Diversas garotas vêem na prostituição a única maneira de escaparem de mães alcoólatras e padrastos opressores. Algumas chegam a relatar os maus tratos sofridos por parte de policiais corruptos e clientes que se recusam a pagar o programa.
Dimenstein, em sua investigação, denuncia inclusive o fato de autoridades estarem diretamente ligadas ao tráfico de meninas. É evidente o objetivo do autor: denunciar os aliciadores e seus comparsas, a fim de resgatar as inocentes pequenas mulheres de seus cativeiros.
No entanto, ao propor a liberdade física das meninas, o autor desconsidera como poderia ser feito o resgate emocional destas pessoas que tiveram parte de suas vidas roubada. Algumas dúvidas ficam pendentes. Como poderiam viver de maneira digna, sendo que depois de libertadas, se encontrariam sozinhas no mundo? A prostituição seria a única solução? Existiriam maneiras de amenizar os traumas? Caberia ao leitor solucionar tais questionamentos.
Meninas da noite é uma história real, narrada por quem, de fato, presenciou o cotidiano de crianças submetidas à escravidão sexual. Um fascinante best seller da vida real. Uma grande reportagem convertida em obra literária capaz de prender a atenção do leitor do primeiro ao último capítulo.