domingo, 12 de outubro de 2008

Ritmos Contestadores

Segue abaixo um artigo feito por mim como atividade avaliativa da disciplina História e Cultura da Brasil Contemporâneo II. O tema é: Da Bossa Nova à Tropicália. Confira!



Revoluções acontecem de diversas maneiras. Diante da opressão, podemos nos rebelar através da força ou através de greves; há também revoluções feitas indiretamente através da liberdade de expressão. Porém, nenhum tipo de revolução supera a intelectual. Tendo em vista tal conceito, em meados dos anos de 1960, em plena Ditadura Militar, um grupo de jovens corajosos introduziram um movimento contestador, capaz de questionar o regime vigente. A censura não era aceita por essa geração. Inspirados nos moldes revolucionários da França de 1968 e nas letras contestadoras da Bossa Nova, criada no início da década, Caetano Veloso e Gilberto Gil introduzem o Movimento Tropicalista no Brasil.

A Tropicália consistia em uma releitura pop e hippie da Antropofagia defendida por Mário e Oswald de Andrade na revolução artística de 1922. Assim como na Semana da Arte Moderna, os jovens da década de 1960 defendiam uma arte contrária ao que até então era predominante. Nesta época, toda forma de manifestação artística era submetida à intensa repressão dos militares. Tudo que representasse algum tipo de questionamento ao regime militar, era tristemente censurado. O desregramento dos sentidos, letras herméticas, visão marginal e inconformismo radical, eram características básicas do movimento tropicalista.

A ousadia e rebeldia desta geração chegavam a tal ponto que nas letras de suas canções, exaltavam o uso de drogas, além de propor questões do tipo “é proibido proibir”, que revelava o desprezo que esses jovens tinham sobre qualquer forma de opressão. Com a instituição, pelo general de linha dura Costa e Silva, do Ato Institucional número 5 (AI-5), a censura torna-se radical, a ponto de submeter à cultura a uma espécie de lavagem cerebral. Seria o maior desafio dos jovens revolucionários.

A perseguição militar atingia diferentes áreas da cultura. Cinema, teatro, pintura, imprensa e, em especial, a música, eram duramente repreendidas após o advento do AI-5. Entretanto, a música era a forma intrínseca de manifestação da juventude desde o ano de 1960, quando a Bossa Nova atingia seu ápice.

Criada por jovens cariocas, a Bossa Nova era uma nova linguagem dada ao samba. Tratava-se de uma confluência da música típica brasileira com o jazz norte-americano. Um ritmo peculiar acompanhado geralmente por letras perturbadoras e contestadoras. Tom Jobim e João Gilberto foram os precursores desta arte no Brasil e seriam fonte de inspiração para os jovens de 1968.
Após o Golpe Militar de 1964, no qual os militares depuseram João Goulart do poder, o compositor Geraldo Vandré propôs aos músicos da época que suas canções deveriam servir como alerta ao povo. De acordo com Vandré, a função da música seria reverter o fato de os militares estarem prendendo e torturando o povo brasileiro, além de estarem promovendo lavagem cerebral. Acontece que após a música “Caminhando”, nenhuma outra atingiria o mesmo êxito de espírito revolucionário.

A Bossa Nova ainda é um dos estilos musicais característicos do Brasil, e já completa 50 anos de existência. No exterior o país é lembrado através da batida típica do ritmo nascido em 1960. O ritmo cujas letras exaltavam liberdade, e que serviria de inspiração para as futuras manifestações de jovens contrários a coerção vigente nos chamados “anos de chumbo” vividos pelo Brasil durante a ditadura militar.

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