Apesar
de ser fruto do sistema capitalista voraz, que articula datas comemorativas
simplesmente para aumentar a venda de produtos e, por consequência, as cifras
do comércio, o Dia dos Namorados nos leva a refletir sobre o Amor.
Este
termo-sentimento já foi traduzido por muitos pensadores. Entretanto, ninguém
conseguiu defini-lo de forma satisfatória. De Paulo, o apóstolo, à Camões, as
definições dão constantes voltas, mas sempre retornam ao eixo do vocábulo.
Amor. Provém de Amar, verbo transitivo direto. Matéria-prima dos poetas, a
palavra-sentimento já foi deturpada e banalizou-se.
Amor
é movimento. Sentimento que começa no corpo e que se estende para o mundo em
diferentes formas, tais como peças de um mosaico multicolorido. Por isso é
ferida que dói, mas não se sente. Dor que desatina e que paradoxalmente não nos
deixa sentir, mas gera incômodo e nos tira do comodismo. O amor nos faz ser
mais insanos, mas ao mesmo tempo concede inspiração e inteligência. Ou seja, é
complexo. Dúbio. E por que não, bipolar.
São justas todas as formas de amar. Portanto, é
palavra que prega peças, dada a impossibilidade de defini-la objetiva e
precisamente. Para que algumas palavras tenham significado, é necessário que a
mesma seja experimentada no corpo. Caso contrário reduz-se a mera falácia e
juízo de valor. Mas externar a experiência do corpo é particularidade de cada
um.
Para
os céticos, o amor se restringe ao universo utópico, onírico e subjetivo. Para
os sonhadores, é pré-condição da felicidade. Tom Jobim, inclusive, defendeu a
máxima de que “é impossível ser feliz sozinho” (Wave).
Discordo
do grande músico. Desde que se tenha uma relação saudável consigo mesmo, estar
sozinho é uma dádiva. O primeiro passo do árduo caminho do amor é amar-se,
sobretudo, a si mesmo. Em primeiro lugar.
Que
o Dia dos Namorados não seja considerado única e exclusivamente fruto do
consumismo (é isso, mas um pouco de utopia faz bem). Aproveitemos este data
para refletir sobre as diversas manifestações deste vocábulo-sentimento tão
contraditório.
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