domingo, 21 de junho de 2009

Um banho de água fria

17 de junho. Depois de intensos debates e diversos adiamentos, o Supremo Tribunal Federal opta pela revogação da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão de jornalista. E o pior: a decisão foi quase unânime. Por oito votos a um, venceu a irracionalidade. De acordo com o célebre ministro Gilmar Mendes, ser jornalista é como ser cozinheiro, ou seja, não é necessário graduação. 

Confesso que ao tomar conhecimento do fato, me senti enganado, como se um banho de água fria levasse embora todos os meus sonhos. Isso mesmo! Foi inevitável pensar frases do tipo: “Estou perdendo tempo e dinheiro”, “O que faço em um curso que não me proporcionará estabilidade?” É melhor não relatar o que pensei sobre Gilmar Mendes, visto que preciso manter a elegância. Esperei para idealizar essa postagem, visto que devido à confluência de sentimentos, não conseguiria, de maneira alguma, ser elegante. 

A meu ver, o STF se baseou na Lei de Talião (aquele que reza “olho por olho, dente por dente”). Explico: se não fosse o trabalho árduo de jornalistas competentes, munidos de bem adquiridas técnicas de apuração, não seriam escancaradas as falcatruas que permeiam as ações do poder judiciário que, por teoria, deveria prezar pela aprovação de leis que beneficiassem a sociedade como um todo. 

A irrisória decisão coloca o Brasil em risco, visto que jornalismo é ciência. Sendo assim, a graduação proporciona aos profissionais, técnicas e conceitos teóricos indispensáveis para o exercício competente da função. Defender a liberdade de expressão é plausível. No entanto, limitar o trabalho de pessoas que passaram quatro anos em uma universidade não condiz com os preceitos de um país democrático.

Pensamento romântico ou não, acredito que o bom senso prevalecerá no mercado de trabalho, levando os contratantes a optarem por verdadeiros jornalistas. Caso profissionais precários passem a dominar o jornalismo, a sociedade também será informada de maneira precária, o que poderá acarretar sérias consequências. 

A meus amigos estudantes de jornalismo, não desanimem. Acredito sinceramente que ainda vale à pena ser jornalista. A concorrência será maior, sem dúvida, mas sempre há espaço para quem é bom. Ser bom não é ter as melhores notas, longe disso, mas estar preocupado em aperfeiçoar-se a cada instante, sugando o máximo dos profissionais que estão a nosso dispor e estar sempre ávido por conhecimento. Estas são as características inerentes a bons profissionais.

4 comentários:

Rafael Lopes disse...

Nossa Diuân, excelente texto. Expressou muito bem, tudo que os jornalistas pensam atualmente.

Confesso que também tive os mesmos pensamentos que os seus: Desistir.

Mas não é somente um diploma que está em questão. É o conhecimento, que os "senhores" ministros nunca poderão retirar de nós.

Como vc também disse. Eles fizeram isto tudo como um retaliação pelas diversas denúncias que comumente as mídias fazem deles mesmos.

"Olho por olho, dente por dente". Bem lembrado a lei de talião, retirada do código de Hamurabi.

Angélica Neri disse...

Parabéns pelo post, Diuân.

Texto riquíssimo.

Concordo com você. O mercado estará sempre aberto para quem é bom.

Acredito que o curso superior nos mostrará o caminho que precisamos percorrer. Os bons profissionais, sem dúvidas, irão se destacar.

Agora, basta nos empenharmos e seguirmos confiantes...

Abraço!

Claudio Henrique disse...

Amigao, passa no meu blog, ele agora está segmentado. Abraçao.

Ayne Salviano disse...

Como sempre, você foi perfeito!