domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Burocratização da Vida

Confesso que possuo certa dificuldade com relação à burocratização da vida, acentuada pelo advento da mercantilização do ser humano. Na estúpida ótica capitalista, as pessoas passaram a ser vistas como meras geradoras de lucros e prejuízos. Enquanto isso, a dimensão humana de cada um cai no esquecimento. Daí provém a triste realidade: em alguns lugares, as pessoas são enxergadas como máquinas produtoras.


Para sobreviver no mundo em voga, é preciso que tenhamos certo “jogo de cintura”. Caso contrário, somos cortados pela raiz. Cabe-nos então vestir a máscara e aderir ao sistema. É muito simples, porém, paradoxalmente, árduo ao extremo. Durante todo o dia somos obrigados a vestir uma carapuça que esconde o que realmente somos. A partir daí, toda uma ideologia construída no decorrer de anos, passa a ser ocultada, dando lugar a uma personalidade diferente que parece ser controlada por controle remoto, visto que repete dogmas de forma metodologicamente compulsiva.


Infelizmente é necessário se adaptar, por mais difícil que seja. Tenho certa dificuldade em ignorar a dimensão humana dos fatos e considerar as pessoas apenas como bonecos manipulados que geram lucros.


Ao que parece, considerar a condição humana dos seres humanos é atributo de estudiosos de ciências humanas. Infelizmente os estudiosos das exatas foram condicionados a comportarem-se como máquinas e, por consequência, consideram o mundo a sua volta como tal. Longe de externar preconceitos. Não se trata de visão preconceituosa aquilo que experiências empíricas comprovam.


A sensibilidade das pessoas é expressa quando estas demonstram a capacidade de ler bons textos, ouvir boas músicas, assistir a bons filmes... E não simplesmente a lidar com números, valores e fórmulas... A essência humana é subjetiva, portanto, compreendê-la é privilégio de poucos.

Nenhum comentário: