domingo, 15 de março de 2009

Os frutos da Campanha da Fraternidade 2009


A Campanha da Fraternidade 2009 que tem como tema “Fraternidade e segurança Pública” e como lema, “A Paz é fruto da justiça” (Is. 32,17) está rendendo bons frutos. No sábado, dia 14 de março, tive a oportunidade, juntamente com pessoas muito especiais, de estar ministrando, na comunidade N.S Aparecida no bairro Vila Xavier em Birigui, uma “palestra” acerca da temática.

Palestra não seria o termo adequado. Creio que reunião, ou bate-papo soa melhor. Na condição de leigos, tivemos a oportunidade de debater as situações de violência que afligem nossa sociedade.

A reunião foi dividida em cinco etapas. Na primeira, acolhi o público e falei um pouco sobre a essência do período quaresmal. Alertei o povo sobre a constante e intensificada prática da oração, do jejum e da caridade. Em seguida introduzi a explicação sobre a proposta da Campanha da Fraternidade 2009, além de recordar temas de campanhas anteriores relacionados à questão de estímulo à cultura de paz.

Terminada a introdução, o Sr. Ataíde da Comunidade Ivone Alves Palma, relatou, através de sua vasta experiência de vida, a questão do “VER” os conflitos que nos domina. Desde sentimentos intrínsecos à condição humana, até a insegurança ocasionada pela “indústria do medo”, foi relatado pelo Sr. Ataíde, sempre com muita simpatia e bom humor. Os tipos de violência (física, estrutural e simbólica) também foram explicados.

Logo após a explanação, os ouvintes foram organizados em grupos com o fim de debater os tipos de violência presentes no meio onde vivem. Após dez minutos de discussão, um representante de cada grupo expôs as conclusões.

Depois foi a vez da Pedagoga e diretora de escola, Áurea discutir as questões “REFLETIR” e “AGIR”. O principal argumento usado pela professora foi “educar para a paz”, visto que uma das mais eficazes maneiras de diminuir a violência é diminuir a ignorância da sociedade, facilmente corrompida. Com sabedoria e simpatia únicas, Áurea ensinou aos ouvintes a prática do centramento. Tal prática consiste na “introspecção”, ou seja, encontrar o próprio eixo; praticar uma autoanálise, a fim de “estar por inteiro” mediante as situações da vida.

A pedagoga também mostrou a eficácia da Justiça Restaurativa, que visa à reintegração social de pessoas que, por algum motivo, desviaram-se dos preceitos morais essenciais para uma vida digna, íntegra.

Por fim, após a tarde de reflexões e aprendizado, foi o momento de celebrar. Após a entrada da Bíblia, fiz a leitura do texto de Isaías. Em seguida, celamos o encontro com um forte e caloroso abraço da paz. Para terminar, a emocionante Oração de São Francisco foi entoada lindamente pela equipe de canto. Momento emocionante. Involuntariamente as pessoas se abraçaram e formaram um belíssimo círculo. Sinal de que tudo o que foi dito realmente as envolveu. Sinal de que tudo valeu à pena.

Experiências como essas são únicas. Particularmente foi um grande desafio, visto que tenho dificuldade em falar em público. Nesses momentos parece que uma força maior toma conta da gente e cessa qualquer medo e insegurança...

Mas não para por aí não! No dia 24 de março tem mais. Será no bairro Portal da Pérola em Birigui. Infelizmente não poderei ir devido à faculdade. Mas no dia 28, no bairro Ivone Alves Palma, estaremos todos lá: eu, a Áurea, o Sr. Ataíde, Lucas Rinaldini, Rafael Ribeiro, Giovani Machado, anunciadores e promotores da paz! Que os ensinamentos da CF – 2009 se estendam por toda a nossa vida!


domingo, 8 de março de 2009

Questões para pensar...

Uma menina de nove anos. Isso mesmo, nove anos! Questionamentos sobre a vida são constantes nessa fase... Época da vida na qual as únicas preocupações são escola e lazer. Período de formação de identidade. São necessárias várias doses de compreensão e carinho advindos do seio familiar, a base de formação humana. Este seria, talvez, o início do ciclo da vida de qualquer ser humano. Mas o que será que pode acontecer quando a inocência é destruída por membros da própria família? E mais: o que leva alguém a destruir sonhos de inocentes?

Durante a semana que passou, um episódio ocorrido em Recife (PE) estampou as páginas dos jornais e repercutiu nos noticiários. Uma garota de nove anos, grávida de gêmeos. O pai: o próprio padrasto. A menina, há tempos vinha sofrendo abusos por parte de um homem que representava a figura paterna. Revoltante. Vergonhoso. Causa espanto imaginar que seres da mesma espécie que nossa sejam capazes de cometer tamanha atrocidade. O que faz alguém agir assim?

Na minha simples opinião de leigo, a falta de amparo, acolhimento e amor durante a vida, faz com que as pessoas, quando adultas, não consigam dominar os próprios instintos. Talvez, quem sabe, se este homem tivesse no seio familiar alguém que o orientasse sobre o que é certo e o que é errado, não precisaríamos nos deparar com tais notícias. O discernimento, capacidade que habita no intelecto de cada ser humano, é adquirido na infância, um ciclo natural que condiz com a pedagogia da vida.

O fato também despertou uma polêmica discussão acerca do aborto. Raciocinemos: a menina tem apenas nove anos. Estava grávida de gêmeos. Sua estrutura corporal não comportaria uma gravidez! Ela está em fase de crescimento, ainda não se formou fisicamente. Essa gravidez, na visão da equipe médica, poderia matá-la. Foi consumado o aborto, prática que no Brasil é amparada por lei em caso de estupro.

Isso despertou intensos conflitos entre a Igreja Católica e a equipe médica. Houve excomunhão do médico responsável pelo aborto e da mãe da menina, que permitiu a prática. Por excomunhão, entende-se a negação de sacramentos essenciais na doutrina Católica.

A Igreja Católica julga como elementar a defesa da vida. Portanto, seus membros são contra qualquer tipo de atentado às leis de Deus. O aborto é visto como assassinato. Inadmissível. Inaceitável. O estupro, um pecado sem igual, contrário a todos os ensinamentos divinos.

A doutrina Católica prega a ideia de que Cristo abomina o pecado, mas ama e acolhe o pecador! Portanto, creio que a excomunhão de membros é uma iniciativa contrária a proposta de amor. Por maior que seja a gravidade do caso, o Bispo de Pernambuco errou ao excluir do seio católico os médicos e a mãe da garotinha. Esta que agora necessita de todo amparo e dedicação.

Abominar o aborto é valorizar a vida. No entanto a exclusão pode ser tão dolorosa quanto! Pensemos nisso...

domingo, 1 de março de 2009

Quaresma. É tempo de agir!



Mais uma vez vivemos a Quaresma! Tempo marcado por intensa reflexão e luta constante por conversão. Na prática, o período quaresmal é marcado por três propostas aos cristãos: oração, caridade e jejum.

Devemos estar em sintonia direta com o Pai. Na nossa condição de meros leigos, temos sede por sabedoria! Sabedoria que nos faz discernir entre a vida e a morte! Sabedoria que nos leva a modificar o mundo, sanando a ignorância vivida por inúmeros indivíduos. O processo de oração é constante na vida dos verdadeiros cristãos, no entanto, o tempo da Quaresma visa intensificar o diálogo com Deus.

Nosso mundo é tristemente estigmatizado por problemas sociais. A segregação de classes é escancaradamente comprovada em cada fração de segundo. No entanto, qualquer pessoa, pertencente a qualquer camada social, é capaz e tem por obrigação desempenhar ações de caridade! Tal benevolência não se restringe somente ao financeiro! Longe disso! A caridade possui diversas faces, sendo que a mais gratificante é a pratica do bem ao próximo através de uma palavra amiga... Um simples olhar... O poder do toque... Enfim, somos capazes de modificar o mundo através do poder simbólico de nossas atitudes!

Não existem desculpas para a não-prática de ações benevolentes! Todos possuem a capacidade de acolher ao próximo! Cada um possui sua peculiaridade, sua inteligência... São presentes dados por Deus para serem colocados em prática! Ninguém é capaz de roubar a sabedoria existente em nosso eu profundo! Ladrões de subjetividade existem às pencas, mas cabe a nós, cristãos, exterminá-los com sabedoria divina! Grande dom de Deus!

Por fim, a Quaresma também, exige a prática de jejum. A justificativa é simples: privar-se daquilo que nos satisfaz e nos “rouba” um pouquinho de tempo e de dinheiro, para praticar o bem! Por exemplo, se eu normalmente gasto muito com sorvestes, no tempo da quaresmal tento me privar de tais gastos, para reverter o que eu gastaria para algum necessitado!

Entretanto, nada é mais gratificante do que o jejum espiritual! Jejuar espiritualmente é utilizar toda a sabedoria dada por Deus para nos encontrar com nosso próprio “eu”. Praticar a introspecção. É tempo de refletir e buscar maneiras de estancar feridas que, às vezes, nos afasta do reino de Deus.

Campanha da Fraternidade

Como é de praxe, todos os anos a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) propõe uma temática para ser discutida durante a Quaresma, através da Campanha da Fraternidade. São problemas que muitas vezes, devido ao corre-corre do dia-dia, tornam-se imperceptíveis aos nossos olhos! Na condição de cristãos, não devemos cruzar os braços mediante as mazelas que corroem a sociedade! Uma fé sem ações, não passa de uma fé vazia, imatura! É discurso ultrapassado dizer que “está tudo bem”, que “tudo é uma maravilha”. Triste engano. Lamentável manipulação!

Em 2009, discutiremos a questão da segurança pública em nossa sociedade! O tema Fraternidade e Segurança Pública tem como lema “A paz é fruto da justiça" (Is 32,17). Nossa missão é destruir o conformismo que corrói a maior parte dos indivíduos, induzindo a cada um, engajar-se em projetos de ação social, além de monitorar as ações do poder público. Alertaremos também sobre as faces da violência: física (agressões), simbólica (caracterizada pelo preconceito e exclusão através de simples gestos e olhares) e estrutural (mau uso das políticas públicas).

A proposta da CAMPANHA DA FRATERNIDADE é ecumênica! Não nos estagnemos! Seria um triste desperdício de toda a sabedoria dada por Deus a cada um de nós... É hora de agir!!!

Vídeo da Campanha da Fraternidade 2009:




HINO DA CF-2009:


Ó povo meu, chegou a mim o teu lamento,
Conheço o medo e a insegurança em que estás.
Eu venho a ti, sou tua força e teu alento.

Vou te mostrar caminho novo para a paz

Refrão:
Onde pões tua confiança?
Segurança, quem te traz?
É o amor que tudo alcança;
Só a justiça gera a paz!

Quando o direito habitar a tua casa,
Quando a justiça se sentar à tua mesa,
A segurança há de brincar em tuas praças;
Enfim, a paz demonstrará sua beleza

A segurança é vida plena para todos:
Trabalho digno, moradia, educação;
É ter saúde e os direitos respeitados;
É construir fraternidade, é ser irmão.

É vão punir sem superar desigualdades;
É ilusão só exigir sem antes dar.
Só na justiça encontrarás tranquilidade;
Não-violência é o jeito novo de lutar.

É como teia de aranha, a segurança
De quem confia só nas armas, no poder.
Não é violência, não são grades ou vingança
Que irão fazer paz e justiça florescer.

Eu desposei-te no direito e na justiça;
Com grande amor e com ternura te escolhi.
Como aceitar o desrespeito, a injustiça,
A intolerância e o desamor que vêm de ti?!

Confira o Hino:

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Inesquecivelmente aterrorizante


O confinamento é capaz de gerar diversas consequências. Loucura. Cólera. Depressão... Este é o argumento que conduz um dos filmes mais perturbadores da história do cinema. O Iluminado (The Shining, 1980), dirigido por Stanley Kubrick com base no livro homônimo do mestre do suspense Stephen King, narra a trajetória de Jack Torrance (Jack Nicholson), pai de família que consegue uma vaga para trabalhar como zelador no hotel Overlook, nas montanhas do Colorado (EUA). No entanto, Torrance não imaginava no que resultaria esta tentadora oportunidade.

Durante o inverno, o local se torna inacessível. Era tudo o que Jack desejava. Escritor frustrado, o homem necessitava de algum período isolado para dar continuidade a um livro. Na entrevista de emprego, o gerente do hotel alerta Torrance sobre a possibilidade de o confinamento vir a causar crises de claustrofobia. Além disso, o avisa que um antigo zelador chamado Charles Grady, dominado pela cólera do isolamento, assassinou brutalmente a mulher e as filhar, cortando-as em pedacinhos com um machado, suicidando-se em seguida. As informações não desanimam Torrance, que juntamente com a esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd), aceita o desafio de viver uma temporada no imenso hotel.

O garotinho Danny possui uma peculiaridade: é capaz de conversar com Tony, um amigo imaginário que “habita em sua boca”. Em determinado momento, Tony avisa Danny de que coisas terríveis o aguardam no hotel. Uma visão aterroriza o garotinho: enxurradas de sangue saem pelo vão das portas de dois elevadores. Estas imagens aparecem diversas vezes no filme, acompanhadas de uma trilha alucinante, causando arrepios no espectador. O cozinheiro do hotel, Dick Hallorann (Scatman Crothers) nota que Danny, assim como ele, possui o dom da telepatia. Em uma conversa com o menino, Hallorann diz que pessoas com tal dom, são chamadas de iluminadas (shinning).

Passado algum tempo, a saúde psíquica de Jack se deteriora progressivamente. Alucinações o perseguem com frequência. Esta é a grande dúvida do filme: as aparições são sobrenaturais ou meras projeções causadas pelo estado frenético de Jack Torrance? Pois bem, a partir daí o terror ganha espaço na obra de Kubrick. Sempre através de exageradas e assustadores trilhas sonoras, as cenas de perseguição se tornam eletrizantes. O estopim se dá quando Jack flagra a esposa bisbilhotando os rascunhos de seu livro. São centenas e mais centenas de laudas contendo uma estranha frase: “Muito trabalho e nenhuma diversão fazem de Jack um garoto estúpido” (All work and no play makes Jack a dull boy). Colérico, Jack começa a perseguir a mulher dizendo que vai matá-la. Ela o golpeia e ele rola a escadaria do salão do hotel, machucando o tornozelo. Wendy o arrasta até a despensa e o tranca no local.

O dualismo sobrenatural/realidade acarreta mais dúvidas quando um homem, supostamente Charles Grady, no caso já morto, ajuda Jack a sair do local para cumprir “a missão”: exterminar a mulher e o filho. Se tudo era produto de crises claustrofóbicas, como uma “miragem” poderia ajudá-lo?

Pois bem, quando Jack sai do porão segurando um machado para “cortar a mulher em pedacinhos” temos uma das cenas mais marcantes da história do cinema mundial: ao quebrar parte da porta Jack indaga a frase: “Querida, aqui é o Johnny” (Here’s Johnny!) A expressão de Nicholson e o desespero transmitido por Shelley Duvall são inesquecíveis.

O Iluminado é um desses filmes de terror que causam espanto devido à intensidade na interpretação dos atores, trilha sonora, iluminação e movimento de câmeras. É a típica obra de Kubrick, diretor cuja característica perfeição está em primeiro plano. Tanto é que diversas cenas foram descartadas prestes a obra ser lançada. Dizem também que o diretor tentou fazer com que a atriz Shelley Duvall tivesse o mesmo estresse da personagem, e não mediu esforços para isso: a mulher foi obrigada a gravar uma cena 127 vezes! Mas o resultado esta aí! Uma obra perturbadora e difícil de ser esquecida. Eu recomendo!

Confira um dos trechos mais marcantes:


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eutanásia: ainda resta esperança!

Acidentes automobilísticos acontecem quase que diariamente. Alguns mais graves em relação a outros. As vítimas, geralmente sofrem alguns danos, mas, a maioria se recupera com o passar do tempo. A italiana Eluana Englaro sofreu um acidente há 17 anos atrás, mas não teve a sorte de se recuperar. Desde então, a mulher estava em coma irreversível, como um verdadeiro vegetal. À medida que o tempo passava, o sofrimento da família de Eluana aumentava. Qualquer esperança de cura era vista como mera utopia. Em uma atitude completamente cética, o pai de Eluana decidiu propor ao governo italiano a possibilidade de desligar os aparelhos que mantinham a filha viva. Mesmo sendo inconstitucional, a solicitação foi atendida, e os aparelhos que alimentavam a mulher foram desconectados. Na semana passada, a morte colocou fim ao sofrimento de 17 anos da família Englaro. 

O fato desencadeou em todo o mundo uma série de discussões acerca de uma polêmica temática: a eutanásia. Indiscutivelmente ninguém possui o direito de decidir sobre a vida do outro. Provações fazem parte do cotidiano de qualquer ser humano e comprovam se somos capazes de lidar com adversidades sem perder a fé. É óbvio que 17 anos de sofrimento corrói esperanças de qualquer família. Seria desumano julgar a atitude do pai de Eluana; é compreensível o drama vivido por este homem ao ver a filha em tal situação. O que deve ser levado em conta são os motivos que induzem as pessoas a perderem a fé de que dramas como esses podem ser revertidos. 

A medicina italiana, avançadíssima por sinal, declarou que o caso Eluana Englaro não teria solução. Isso destruiu qualquer convicção positiva que o pai ainda poderia ter. Sua fé foi substituída por desesperança e escuridão. Não por acaso decidiu pela maneira mais fácil de amenizar a dor: a morte da filha. 

A sociedade contemporânea é dominada por mensagens negativas e desestimulantes. Além disso, injustiças predominam; a má distribuição de renda faz com que uma parcela seja beneficiada em todos os sentidos, enquanto outra parcela é jogada às traças; humilhações e preconceitos ao que se contrapõe aos ideais pré-estabelecidos como corretos também estão presentes. Enfim, tudo isso pode ser visto como formas de eutanásia. 

A valorização da vida, desde sua concepção até seu declínio natural, já não é pregada pela sociedade contemporânea. A ideia é vista como intrinsecamente cristã e piegas. Mas se for para estimular a vida, tais denominações devem ser vistas como títulos honrosos. A propagação de mensagens esperançosas e políticas sociais que prezem o bem-estar coletivo são as únicas maneiras de estimular a valorização da vida. Enquanto estas atitudes não vingarem, continuaremos a presenciar diversos tipos de eutanásia que colocam fim, antes do tempo, à vida de diversos seres humanos, o que é um lamentável desperdício...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Duas Décadas...

Jamais gostei de falar sobre mim. Autobiografia não é minha especialidade. No entanto, hoje sou obrigado a abrir uma exceção, afinal, não é sempre que se comemora 20 anos. Ah... Isso mesmo... 20 anos! Como passou rápido! Parece que o tempo voou e sequer notei! Pois bem, é embaraçoso, mas vamos falar de mim...

Fazer um balanço geral dessas duas décadas é tarefa árdua. Foram muitos os momentos bons que vivenciei, e, é claro que os ruins também tiveram espaço garantido nos meus dias. Sou grato a Deus por tudo! Viver bons momentos é gratificante, mas os maus também são necessários e valem como lições; a vida é uma verdadeira pedagogia... Como é difícil falar de mim, passo a falar de um gordinho que ficou lá atrás no tempo...

Olhando para trás, ainda vejo aquele gordinho de cara fechada, meio depressivo. Confesso que sinto falta dele. Ah se eu pudesse encontrá-lo, o ensinaria a viver melhor, ter mais autoestima; mostraria a ele a arte de ver nas pequenas coisas, a felicidade suprema; ensinaria o gordinho a ignorar as adversidades, considerando-as grandes ensinamentos. Gostaria de mostrar àquele garoto que tudo na vida possui uma explicação. E que o valor de algumas explicações está no fato de serem inexplicáveis... Enfim, transmitiria a ele a pedagogia da vida, que se resume na arte de valorizar a fé, a arte dos verdadeiros sábios.

O garotinho sempre foi diferente. A começar pelo nome, bastante incomum. O interesse por algumas coisas que os outros veneravam, nunca o dominou. Era meio excluído por causa disso... Sempre foi meio “chorão”. Seus interesses eram livros, TV e cinema. Nunca foi de falar muito. Preferia se expressar através da escrita. Ah caros amigos... A escrita! A maior paixão de nosso garoto. Era aí que ele se revelava! No entanto, com o passar do tempo, deu a volta por cima e vestiu a máscara de “ator social” por simples necessidade de, digamos, “incluir-se socialmente”. A taxação de antissocial sempre peregrinou ao lado de nosso amigo e isso não era bom. Felizmente tal denominação já não predomina.

Hoje o garoto cresceu, e em consequência disso, adquiriu maturidade! A identidade se formou... Minto... Está se formando! Espero que jamais se complete a formação de tal identidade! Prefiro que ela se aperfeiçoe a cada milésimo!

É esse pensamento que gostaria de passar ao garoto que ficou lá atrás! O ser humano deve estar em sintonia com Deus, lutando a cada instante para formar sua identidade. Deve ter consciência de que somos seres imperfeitos, sedentos por aperfeiçoamento. Cabe a nós adquirirmos discernimento para descobrirmos aonde buscar a fonte da perfeição! Resumindo: a vida é um constante processo de construção!

Bom amigos, aí está. Sinto-me um pouco ridículo falando de mim mesmo. Mas, eu também mereço!

Gostaria de compartilhar com vocês uma música que levo como inspiração para viver! Considero esta canção uma verdadeira oração. O bom artista é aquele que faz uso dos dons que Deus proporcionou para transmitir ao público sábias mensagens! Ao ouvir esta música, é impossível não pensar em Deus. O título já diz tudo: “Tocando em frente”. E a frase: “cada um de nós constrói a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz... De ser feliz!” Não precisa dizer mais nada, não é mesmo?! Confira esta versão, lindamente interpretada pelo grande orientador espiritual, Padre Fábio de Melo:

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Um livro para pessoas especiais


Você já imaginou passar um dia com Deus? Pode parecer uma ideia surreal, absurda ou até mesmo subjetiva, já que nós cristãos acreditamos que Ele está presente em todos os momentos de nossa existência. Mas, você já imaginou ficar cara a cara com Deus? E mais, já se viu obrigado a encarar seu maior pesadelo a fim de superá-lo?

É esta premissa que permeia o best-seller A Cabana (tradução de Alves Calado; Sextante; 240 páginas; R$ 24,90). De autoria de William P. Young, o livro narra a trajetória do pai de família Mackenzie. Era para se um fim de semana de diversão para Mack e seus filhos, porém, uma tragédia desperta no homem uma Grande Tristeza que o acompanha por toda a vida.

Passado alguns anos após a tragédia, Mack recebe um estranho bilhete em sua caixa de correio. Assinado carinhosamente por Papai, a mensagem o convida a visitar o local onde ocorreu o fato que desencadeou a Grande Tristeza.

Um pouco relutante Mackenzie volta ao local: uma velha e abandonada cabana afastada de toda a civilização moderna. Um lugar onde a solidão e o abatimento enseja qualquer ser humano depressivo a cometer um ato de loucura. Bom, não posso revelar o enredo. O que será que aconteceria com Mack após chegar ao palco de seu mais perturbador pesadelo? Como enfrentaria a Grande Tristeza? Como perdoar alguém que roubou dele seu mais precioso bem? Como Mack poderia recuperar a subjetividade sequestrada? Papai o auxiliaria...

A Cabana é o tipo de bibliografia que induz o leitor a simplesmente pensar sobre o verdadeiro significado da existência. Até que ponto os acontecimentos narrados poderiam ser verdadeiros ou utópicos? Gostaria de compartilhar A Cabana com todos que considero especiais. É um livro capaz de transformar vidas. Como o próprio autor diz: vale como uma oração. A obra se Encontra na lista dos mais vendidos. Não consegui ainda classificá-lo como autoajuda ou ficção, mas creio que tal denominação de gênero depende da visão de cada leitor. Simplesmente leia e reflita sobre sua cabana particular... todos guardamos uma cabana no mais profundo eu...